Não podia faltar um filme sobre infância em nossa lista. E, infelizmente, infância que rende boas histórias é sempre conturbada. Antoine Doinel é (ou tenta ser) um garoto comum. Assiste a aulas chatas, é injustiçado pelo professor (incrível como isso era comum!), faz tarefas domésticas, apronta e desobedece de vez em sempre. E tem problemas em casa, muitos problemas.
O primeiro, e sempre presente, a falta de dinheiro, que obriga seu pais a passarem muito tempo fora de casa, "trabalhando". Não que cuidar do menino fosse a primeira opção de seus responsáveis. Ambos o tratam como um inconveniente. Depois de matar aula com um amigo para se divertir (aqui ainda diversão inocente, parque e cinema), ele presencia o adultério de sua mãe, ao mesmo tempo em que sua falta não justificada é descoberta pelo professor. A partir daí, é ladeira abaixo. A mãe tenta comprar seu silêncio, o "pai" cada vez o suporta menos. E ele acaba decidindo que é hora de se virar sem eles. Mas ainda é só um garoto, e mesmo com apoio de um amigo não se sai muito bem.
Em seu filme de estréia Truffaut, fala de um tema que parece conhecer muito bem. Teve infância parecida com a de Antoine. Não é atoa que se sai tão bem em mostrar o nascimento de um rebelde (com causa!). Emotivo e melancólico, mas nunca piegas.
Fragilidade e força,se é dificil para um ator adulto migrar de uma ponta a outra, o jovem Jean-Pierre Léaud não parece ter tido muitos problemas. Morremos de pena quando ele é injustiçado em classe, pensamos "que peste!" quando ele apronta. E não nos contentamos de satisfação quando na supra-citada cena da conversa com o psicólogo percebemos que talvez consigamos compreende-lo. Compreensão nem tanto, mas na interpretação o menino da um show!
Impossível não e simpatizar com o pobre garoto, principalmente nos dias de hoje, onde não apenas ainda encontramos crianças nessa situação, mas também completamente o oposto. Com muitas leis, normas, fórmulas e conselhos para educar e proteger as crianças esses jovens muito bem tratados se rebelam por nada. Agridem colegas, professores, não conhecem limites.
O final indefinido incomoda um pouco. Será que não há nada à frente para Antoine, ou as opções são tantas que não há melhor maneira de descreve-las que o vasto horizonte? Dúvida que deve ser sanada, nas sequenias. Sim! Existem mais histórias sobre a vida de Antoine Doinel.
Truffaut contou histórias de outras fases de sua vida em mais quatro filmes, em um período de vinte anos. Sempre com o talentoso Jean-Pierre Léaud como protagonista. Antoine e Colette (1963), Beijos Proibidos (1968), Domicílio Conjugal (1970) e O Amor em Fuga (1979).
2 comentários:
Parabéns pelo post Fabiane, ficou muito bom!!!!
Nós já visitamos esse filme lá na liga, e gerou opiniões bastante adversas, mas é Truffaut, ele tem esse poder não é mesmo? heheh
parabéns pelo blog, muito de bom gosto....
Um Grande Abraço
da Liga Nerd Imdb
http://thetop250imdbnerdproject.blogspot.com/
Obrigada!
Eu li! As discussões são quentes por lá, não é! Coloquei mais lenha na fogueira se não se importa. hehehe.
Adorei a visita!
Abs!
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