Num primeiro momento, o que mais me chamou a atenção em Era uma vez em Tóquio foi a formalidade das relações sociais. Tudo bem, a gente sabe que os japoneses prezam muito a disciplina e são conhecidos justamente pelas tradições. Mas, em um filme que trata do relacionamento entre os membros de uma família, não deixa de intrigar que, nem nas horas mais difíceis, as rígidas regras sejam afrouxadas. Sabe assim um aperto de mão? Muito improvável. Um abraço, então, nem pensar. Por isso mesmo, é curioso acompanhar os passos desse (fofo) casal de velhinhos que deixa sua pequena cidade natal para visitar os filhos e conhecer de perto a grandiosidade de Tóquio.
O ritmo é bem lento, quase que no ritmo dos vovós. Os diálogos são os mais simples possíveis. As atuações, sempre comedidas (isso pra não dizer inflexíveis, já que, pra mim, todos têm o mesmo tom de voz e as mesmas expressões em todas as situações, o que me torna mais dependente das legendas do que nunca). Mas a história em si é comovente o bastante. Ou vai dizer que você também não teve vontade de xingar os filhos ingratos que estão sempre ocupados demais para dar atenção aos pobrezinhos? Não é absurdo alguém que nem é parente de sangue, a nora, ser a pessoa que tem mais consideração por eles?
Se só isso já era o suficiente para o filme ser um bonito e triste retrato da velhice, o desfecho, então, é de uma melancolia profunda. Afinal, o final de todos nós é mais ou menos o mesmo, não é? Solidão é cruel demais em qualquer idade. Talvez a pior de todas as doenças.
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