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Material para acaloradas discussões!


John Smith (o sempre perfeito Christopher Wallken) é um pacato professor que sofre um acidente de carro e entra em coma. Acorda cinco anos mais tarde. E como se os anos perdidos, somados à perda da noiva (que seguiu com a vida e se casou) não fossem tragédia suficiente, John ainda descobre um novo dom (ou maldição, dependendo do ponto de vista). Com um toque, ele pode ver coisas que aconteceram, estão acontecendo ou (a melhor parte!) que ainda vão acontecer.

Ô vidinha complicada desse rapaz! Primeiro ele tem que superar o fato de que o que foi uma soneca para ele foi meia década para os outros. O mundo mudou, as pessoas à sua volta seguiram com a sua vida. E ele continua na mesma. Apavorante isso! Precisa recuperar-se fisicamente, cinco anos sem se mexer, atrofia tudo! Ao mesmo tempo, descobre seu dom e é descoberto pela imprensa, que começa a cobrar respostas em nome do sensacionalismo. Ele também recebe pedidos de ajuda da polícia local, e de todos que acreditam nele.

Tudo isso é suficiente para o professor se isolar, mas não para o deixar longe das consequências de suas habilidades. Que além de salvamentos e vislumbres do passado, incluem uma 3ª guerra mundial e até o apocalipse. Afinal, o fim do mundo como conhecemos costuma ser brinde, quando ganhamos dons extraordinários. 


Difícil resenhar este longa sem incluir spoilers e estragar a surpresa, uma vez que a história aborda de forma interessante muitos temas e nos faz ter vontade de discutir por horas a fio. Como aquela parte do final onde... ops! Melhor mudar de assunto!

Foi através da série de TV O vidente, que fui apresentada a esta obra de Stephen King, e consequentemente ao filme. Mas foi apenas com o DVD, Sofá e Pipoca que pude finalmente assistir ao longa.

Enxuto, todas as peças se encaixam. Apesar de ser uma história, "com episódios", que levam ao grande final, não ficam pontas soltas. O que fica é um pouco de quero mais! Saber mais sobre o dom em si. Sobre as possibilidades que ele oferece. As consequências das decisões de Johnny, em especial a última, no mundo. Nesse aspecto a série sai ganhando uma vez que pode esticar e aprimorar a narrativa, até que se esgote o tema, ou que enojemos dele (o que acontecer primeiro).

Cenas de assassinatos, acidentes, suicídios, todas aterrorizantes. Os pequenos personagens que participam desses episódios, como o xerife, o assassino e o pai endinheirado tentando tirar o filho "da casca", embora pouco espaço, são muito bem elaborados e desenvolvidos. Ao ponto de bastar algumas cenas para os conhecermos bem. E preciso mencionar o bebê de Sarah, embrulhadinho em um macacão laranja. Parece a Maggie Simpson, naquele casaco que a deixa com formato de estrela (viagens da minha mente!).


A atuação de Chistopher Wallken é praticamente perfeita, ao nos mostrar a confusão, medo e, mais tarde, determinação e alívio da personagem. São muitas variações para um filme tão curto. A única coisa que me incomoda são "as visões", marcadas por espasmos violentos, caretas e trilha absurdamente aguda. Achei muito caricato para uma narrativa tão original.

Martin Sheen (intérprete de Greg Stillson), também impressiona pela objetividade. Basta o primeiro take do personagem para sabermos que ele não é flor que se cheire. Dispensamos até as visões futurísticas. Brooke Adams (a ex-noiva Sarah Bracknell) não agradou muito. Contudo não tenho certeza se pela atuação ou pela personagem. A moça não se contenta em ver Johnny arrasado por perdê-la, e fica com ele por uma noite (ou melhor, tarde), apenas para lembrá-lo depois que nunca poderão ficar juntos. Maldade isso!

Impossível foi não comparar o longa com a série que acompanhava. Embora o longa seja mais fiel ao livro (que, apesar de episódico e rico em detalhes, não renderia mais que uma temporada), a série se inspira e muito no longa. Um exemplo são as cenas da primeira visão de Johnny e do último comício de Stillson, marcações de câmera, cenário e até edição muito parecida. Provavelmente uma bela homenagem a um ótimo filme!


P.S.: Outra semelhança entre as obras, o péssimo título! Gente, qual o problema de traduzir o nome original. Zona Morta, apenas, era perfeito! Ah! Essas traduções...., mas isso é assunto para outro post.

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