Conta comigo é daqueles filmes irresistíveis, que te conquistam de cara. E é a prova de que alguns elementos combinados, como personagens carismáticos, elenco bem escolhido, roteiro enxuto e direção sensível, são uma receita infalível. Como todo mundo da minha geração, vi pela primeira vez há muuuuito tempo, numa Sessão da Tarde*. Mas, confesso, já não lembrava muita coisa. E foi uma delícia rever as aventuras de Gordie, Chris, Teddy e Vern.
Não é o máximo a sequência em que eles tentam escapar de um trem em uma ponte? Ou que Gordie corre como pode para não ser modido pelo "temível" cachorro do ferro-velho? Ou o mergulho involuntário no lago infestado de sanguessugas? Ah, e o incrível desabafo de Gordie (sim, ele é o protagonista) depois que eles finalmente chegam ao destino que buscaram durante todo o filme. É de cortar o coração e chorar junto.
O que mais emociona é que estamos diante de um bando de moleques (no melhor sentido da palavra) que, aparentemente, não sabe nada da vida. Será que não sabe mesmo? Não vou aqui descambar para a pieguice das sinopses apressadas que gostam de dizer que Conta comigo mostra "verdadeiras lições de amizade" e não sei mais o quê. Filme não é pra ser didático, certo? O que a gente vê então é que a vida não espera a maioridade nem a maturidade pra te ensinar algumas coisas e que nem tudo é tão preto no branco como se imagina à primeira vista.
O delinquentezinho do colégio pode ser bem consciente e querer ser alguém na vida. O filho que conta vantagem do pai, no fundo, sabe que seu herói é só um homem de verdade. O garoto que perdeu o irmão mais velho tem que fazer um esforço sobrehumano para tentar ganhar o carinho do pai. São só um bando de garotos, mas nem por isso a vida é só um passeio pra eles. E eles sabem que o que vem pela frente também não vai ser fácil.
Tenho que dizer que a escolha de Corey Feldman, Will Wheaton, River Phoenix e Jerry O'Connell (o gordinho, meu favorito, que pode fazer o filme que for, mas só lembro dele como o protagonista de Joe e as baratas... Surreal, né?). E olha que eu nem falei dos meus queridos, amados, salve-salve John Cusack e Kiefer Sutherland. Ok, as participações deles (John, principalmente) são discretas, mas ajudam ainda mais a gostar do filme. Bom demais.
* Já repararam como muitos dos nossos clássicos costumavam passar na Sessão da Tarde? Tenho medo do que as próximas gerações vão chamar de clássicos daqui a um tempo: filmes das gêmeas Olsen ou bichinhos falantes, pelo visto... Muito triste.
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