O fato de a imagem inicial de Harry Potter e o Cálice de Fogo ser uma caveira diz muita coisa. Em vez de começar com mais um verão na Rua dos Alfeneiros nº 4, o filme, assim como o livro, tem outro foco: Voldemort, seus fiéis escudeiros e Nagini. As visões de Harry se tornam mais fortes e intrigantes. Pela primeira vez, vemos um inocente morrer com a maldição imperdoável Avada Kedavra e avistamos a Marca Negra no ar. Agora é oficial: a história de J.K. Rowling está ficando cada vez mais sinistra.
A Copa do Mundo de Quadribol e o Torneio Tribruxo (que achei meio longos quando li, mas ficaram bem dinâmicos na tela) até dão um tom de festa, mas é só aparência. E os personagens novos (são muitos!) servem para dar uma movimentada na trama. Ou vai dizer que você também não curtiu Hagrid ficar deslumbrado com a, hã, beleza de Madame Maxime (France de la Tours) a ponto de até pentear a cabeleira? E que não adorou Hermione indo ao baile com Vitor Krum (Stanislav Ianevski) só para fazer ciúme em Rony? Antes de mesmo de assumirem seus sentimentos, eles têm sua primeira DR. Para qualquer um ficaria muito claro o que está rolando, mas Weasley não é lá dos mais espertos. E Cedrico Diggory (Robert Pattinson) entrou para... bom, ter o desfecho que vocês já sabem.
Na verdade, já estava óbvio para todo mundo que Harry participaria do tal torneio. Afinal, ele é o protagonista. Mas também não precisava dar closes em todos os futuros escolhidos, não é, Mike Newell? Apesar disso, o mistério em torno do motivo de Potter ter sido selecionado dura até o fim, assim como quem teria driblado o Cálice de Fogo. Mas o melhor mesmo é o clima de desconfiança que o acontecimento desperta em todo mundo. Dumbledore fica irado quando lê o nome de Harry. Os alunos acham que ele trapaceou, e até Rony desconfia de sua inocência. Perfeito. Assim todos achariam que o aluno da Grifinória é um mentiroso. E ninguém acreditaria que Lord Voldemort estava de volta. Genial.
As tarefas em si não são muito inspiradoras. A primeira, dos dragões, é legal. A segunda vale só pela cena em que Neville diz: "Ai, meu Deus! Eu matei Harry Potter!". Hilário! Aliás, Longbottom ganha um pouco mais de espaço neste filme. Atrapalhado e divertido como sempre, mas também comovente. Quando Olho-Tonto/Bartô Jr. (Brendan Gleeson), mais um professor de Defesa contra a Arte das Trevas, fala sobre as maldições imperdoáveis, provoca lembranças dolorosas no aluno. Ninguém sabe o que aconteceu com seus pais, mas fica claro que a simples menção do feitiço Crucius o deixa muito abalado. E sua tristeza é resumida numa cena rápida, mas linda demais, em que ele fica parado na escada, olhando um vitral. Com a chuva, parecia que a moça pintada chorava as lágrimas que ele não queria derramar na frente dos outros. Poético.
A terceira tarefa, que garantiria o Troféu Tribruxo, foi a mais idiota que alguém poderia pensar. Mas serviu ao propósito de J.K.: levar somente Harry e Cedrico para o lugar em que Voldemort retornaria. Sem testemunhas. Não sei vocês, mas a morte em si não significou tanto pra mim. Cedrico era bem secundário, nem deu tempo de nos afeiçoarmos a ele. Achei mais chocante a cena em que Rabicho se sacrifica para ajudar o mestre. Ver Você-Sabe-Quem com um rosto foi interessante, mas fiquei foi com nó na garganta quando Potter consegue voltar com o corpo. Todo mundo aplaudindo. Demora até se darem conta do que aconteceu... Agora, o perigo era real. E estava em carne e osso. Todo mundo aguardando ansiosamente pelas cenas dos próximos capítulos...
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