Almodóvar é um poeta, tira da dura vida de seus personagens exemplos fortes, marcantes, dores que ensinam e fazem crescer. Aqui ele pega o amor mais sublime que existe, o amor de mãe, expõe todas as feridas que um amor dessa magnitude é capaz de infligir. Mas nem por isso se pode amar menos, nem assim se pode desistir de ser feliz. Finge-se calma no meio da tempestade para que se possa sobreviver, e no peito carrega-se uma esperança, não se sabe em que, de um dia essa dor irá regredir e será possível a paz. Nem sempre as circunstâncias serão fáceis, nem é certo de que se conseguirá ter êxito nessa busca incessante pela cura.
Os sacrifícios que a mãe faz pelo filho, a dor de perdê-lo, a busca pelo passado que ela fugiu, o inesperado emprego, a inesperada ajuda, as impensáveis amizades, a inestimável perda, o reencontro, o desespero, a esperança renovada. Um filme emocionante, que tocou fundo em minha alma. Uma experiência primorosa, que me deixou muito a pensar. Faltam-me palavras para descrever o que vi em cena, pois Tudo sobre minha mãe (Todo sobre mi madre, 1999) é um relato emocional - você tem que se apegar às personagens, tem que sentir a dor delas, essas mulheres incríveis. Não dá pra racionalizar um filme desses. Tanto que não há "pegadinhas" no roteiro, tudo é explicado e tudo tem uma solução. O verbo desse filme é imperativo: sinta. Eu senti, e não me arrependo de ter aberto meu coração pra uma história dessas.
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