Ditadores? Mais pareciam duas crianças birrentas. Oh, wait... |
Não havia outra palavra em meu vocabulário que definisse melhor este O grande ditador (The great dictator,1940) e o artista por trás desse espetáculo: Charles Chaplin. Eu confesso que não sou muito fã de filmes sobre a Segunda Guerra Mundial (exceto por A lista de Schindler, Bastardos inglórios - que a gente viu mês passado aqui no blog - e essa obra-prima de Chaplin) justamente por causa do tom politizado que sempre cerceia o olhar dos diretores. Ou endemonizam um lado, ou o outro. Não quero entrar no mérito da questão, só me incomoda que nunca existe um equilíbrio. Numa guerra desse nível, pra mim, todos que arquitetam são vilões, e todo mundo é vítima.
E o que esse filme traz de diferente? A risada, muitas vezes involuntária. Chaplin é da época do cinema mudo, expressão corporal é tudo. Ele é capaz de arrancar risos de qualquer um, só com um andar torto, uma pisada em falso, um troca-troca infinito de cadeiras, cumprimentos que não se acertam (quem nunca?). Os trejeitos do ditador Hynkel (Charles Chaplin) são memoráveis, e a adição de som foi só um plus: o que seria da gente só imaginando os resmungos do ditador? E o soluço com tilintar de moedas? Chaplin soube introduzir o som em seus filmes sem que eles se tornassem mais importantes que o restante da história. Pare e analise, se tirarmos o som e acrescentarmos cartelas de falas, o filme não vai funcionar do mesmo jeito?
O Barbeiro: sequências tão memoráveis quanto a do ditador Hynkel |
Além disso, ele não deixou de ser político. Criticou tanto a um quanto a outro, fez referências claras a Stalin e Hitler, aos campos de concentração. E ainda assim encontrou um jeito de fazer graça, de fazer rir. A melhor comédia é a inteligente, e o filme é repleto da mais fina ironia, do sarcasmo mais apurado. E o filme é tocante (quem não se emociona com o discurso lindo e inflamado do Barbeiro [também interpretado por Chaplin] ao final do filme?), hilário, histórico, político. Genial talvez nem seja a palavra certa...
Com os personagens Hynkel, o ditador tresloucado e megalômano, e o Barbeiro, um humilde trabalhador que só queria voltar a trabalhar (e, quem sabe, arrumar uma namorada), Chaplin nos fez ver que todos somos os dois lados da moeda. Somos mocinho e vilão, loucos e normais, causadores do caos e lutadores em busca de paz. Vai direto pra lista dos filmes favoritos mais queridos de todos os tempos.
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