A Inglaterra, pós ocupação romana, foi unificada por Arthur Pendragon (Mel Ferrer) com a ajuda de seu mais fiel cavaleiro, Sir Lancelot (Robert Taylor). A amizade dos dois parece mais ação do destino que da convivência, mesmo assim, vira o pilar da nação. Mas como sem intriga não tem filme, é claro que haveria um ponto de discórdia, seu nome Guinevere (Ava Gardner).
Arthur, Lancelot e Percy (este último segurando vela) |
A maioria das pessoas conhece algum detalhe ou algumas das inúmeras versões da lenda do Rei Arthur. Quase todos sabem que ele foi identificado por conseguir tirar a espada da pedra, que Merlin era seu mentor, e que sua rainha e seu melhor amigo se amavam. É basicamente essa história que Os Cavaleiros da Távola Redonda conta.
Mãe e filho: mesma faixa etária! |
Nessa versão, Morgana Le Fay (Anne Crawford, muito jovem para o papel)e seu filho Mordred (Stanley Baker, aparentando ter a idade da mãe), são os vilões. Filha legítima do Rei, e meia irmã do bastardo Arthur (viu Jon Snow, ha esperança!), ela defende que seu filho é o real herdeiro do trono. Depois de perder pelos meios explícitos (leia-se batalha em campo aberto), resolve agir por baixo dos panos e se aproveitar de situações já existentes para criar intriga no reino.
E por falar em batalhas, coreografia de guerra não devia ser um hábito em Hollywood em 1953. Isso explicaria as sequencias em que os exércitos se amontoam, feito crianças brincando de "guerrinha" no quintal. A sensação é que cavalos e homens saíram feridos, principalmente nas cenas em que gravetos era atirados contra eles fazendo as vezes de flechas (não tinha CGI). Nada, no entanto, supera os incríveis golpes fatais "debaixo do braço"!.
Soa patético hoje em dia, é verdade. Mas a escala é impressionante, seja no número de figurantes, no esforço dos envolvidos, ou nos figurinos, já que cada cavaleiro tem suas cores e brasões e vestimenta de cavalos combinando. A propósito, se cada exército usasse uma cor distinta, seria incrivelmente mais fácil entender quem está ganhando. Além de eliminar a sensação de que talvez os próprios cavaleiros se confundam e matem alguém de seu próprio time. Mas aí não seria tão divertido, ou tão coloridamente agradável de observar.
Cheio de pompa e arabescos na fala, a atuação parece teatro filmado. Um charme a parte. A entonação pomposa, o ritmo pausado combinam o o estilo "filme medieval da década de 1950". Onde as reviravoltas eram programadas, mocinhos são incorruptivelmente bons, as donzelas são nobres, belas e agradáveis até quando erram, e os vilões são exageradamente maus. Não há dúvidas quando a quem é quem.
Ainda sobra tempo para uma dispensável e mal acabada busca pelo Graal. Mas o que seria de Arhur sem o Cálice Sagrado?
- Ó nobre cavaleiro, poderás tu carregar o filme nas costas? |
Carregado quase todo o tempo por Lancelot, o que explica o fato do galã estar em todos os cartazes, Os Cavaleiros da Távola Redonda é um delicioso épico medieval de 1953. E deve ser apreciado como tal. Como um filme da década de 50, com o glamour e pose da época. Nada de tentar comparar com medievais do novo milênio, com batalhas coreografadas, (pseudo) realismo e CGI. Além de frustante, isso apenas eliminaria boa parte da diversão: curtir a aventura como ela é!
0 comentários:
Postar um comentário