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Cantando com Rei Arthur

Aqui em Duloc é tão bom viver... Oh, wait...
Fiquem tranquilos, não vou levar as intermináveis 3h de cantoria para falar sobre Camelot (Camelot, 1967). Pra começo de conversa, já deu pra notar que não curti o filme. Ok, a abordagem é totalmente diferente do que estamos acostumados a ver quando se trata de histórias sobre o Rei Arthur, mas não 'desceu redondo'. Em primeiro lugar, cadê a Morgana? Pode ser que seja retratada como uma irmã invejosa de Arthur ou uma poderosa e perigosa feiticeira, mas aqui ela simplesmente foi ignorada. Ô produção?! Vacilo! Então, comecemos (e terminemos logo) a falar sobre o filme.

Arthur (Richard Harris, que, quem diria, se tornaria um poderoso mago - tão poderoso que, dizem, era o único a pôr medo em Você-Sabe-Quem) está desolado, num campo de batalha, triste de dar dó. A alvorada se aproxima e um importante encontro o aguarda. Começamos a acompanhar as memórias do rei desde quando tudo começou até chegarmos àquele ponto crucial. Primeira canção: o rei empoleirado numa árvore canta, enquanto uma Guinevere (Vanessa Redgrave, facilmente reconhecível) que mais parecia a Feiticeira Branca de Nárnia chega também cantando. Quando se encontram, mais cantoria. E então, estão apaixonados. Casam-se - um casamento triste de dar dó, só eles, o padre e muitas velas escuras como testemunhas - e vão morar num castelo em Camelot. Um dia a lâmpada se acende na cabeça de Arthur, ele quer a paz e a prosperidade, a igualdade entre as pessoas. Nasce, então, a ideia da távola redonda (um grande mesão, onde todos poderiam sentir-se iguais). Nobres cavaleiros foram ganhos pela causa, e foram prestar os seus juramentos a Arthur. Inclusive um garboso cavaleiro francês, Sir Lancelot Dulac (Franco Nero, meio duvidoso). Lógico que ele foi introduzido no filme por cantoria. Em certos momentos, me perdoem a heresia, me lembrou Zac Efron em High School Musical. É.

Guinevere, a Feiticeira Branca. Oh, wait...
Tamanha era a empolgação de Sir Lancelot que ele quase mata o rei - literalmente. Chegando em Camelot, ele quase atropela o rei que ele tanto perseguia e por quem queria lutar e morrer. Passado o susto e tendo ambos se apresentado, Lancelot foi apresentado a Guinevere e aos outros habitantes do castelo. Num visual bem 'hippie-paz&amor', Jenny (quem botou esse apelido na Guinevere, gente?! Sério, não dá...) não dá muita bola pro cavaleiro, nem confia nele. Até torce para que ele se machuque (ou morra, ou fuja correndo) no torneio. Mas... Não é assim que a banda toca, né? Lancelot acerta o oponente num golpe acidentalmente mortal. O cavaleiro jaz, com o peito coberto de sangue, aos pés do rei, que nada pode fazer. Então Lancelot se aproxima (e muito!) e chora pelo cavaleiro. No rosto dele, quase colando os lábios numa espécie de beijo de despedida. Então o cavaleiro volta a respirar. E Guinevere, a rainha metida que até cantou pra incitar os amiguinhos cavaleiros a odiarem Lancelot, ajoelhou-se e chorou com ele, vendo com outros olhos o homem que estava na sua frente. Todo mundo sentiu o clima, mas o rei fingiu que não viu... E ali foi o começo do fim (clichê pacas isso, mas tá valendo). Apaixonado, Lancelot estava se roendo por dentro por não declarar seu amor para Guinevere (me recuso a continuar chamando-a de Jenny). Então ele se declara, e ela a ele. Essa cena é bacana, gosto do tom amargurado de Guinevere ao admitir que seus sentimentos por ele eram tão intensos quanto o que sentia pelo marido. Até então, as cantorias estilo "Hair" já tinham enchido a paciência. Ficou pior. Arthur agora cantava a dor de corno. Ele desconfiava da traição, mas achou melhor manter a mulher e o amigo. Tudo em nome do povo. Ah vá...

Era tão engraçado ver o Dumbledore cantando... Oh, wait...
Então os rumores sobre o romance e a traição já não ficavam mais entre os criados. Mordred (David Hemmings, ótimo em cena e, milagre!, não cantou nenhuma música - acho que por isso gostei mais dele) chega causando rebuliço. Quer tomar o trono de Arthur, e suas maliciosas palavras são o estopim para o que acontece a seguir. Arthur percebe a ruína de seu reinado se aproximando, a ambição do sobrinho em tomar seu trono, seus cavaleiros insatisfeitos. Todo o reino 'paz&amor' que ele planejou estava desmoronando. Os próprios cavaleiros começaram a se rebelar e a zombar de Lancelot, até que a tragédia aconteceu. Num acesso de fúria, ele mata um companheiro por ter falado abertamente do romance dele com a rainha. Tomado pela vergonha, ele foge. A távola está em polvorosa, e tudo por que Arthur lutou está desmoronando. Os cavaleiros exigem a condenação de Guinevere, e ela é condenada a morrer na fogueira. Arthur nada faz para impedir, afinal deveria ser justo. O romance deles era traição. No dia da execução, a cabisbaixa Guinevere se deixa levar para a fogueira sem resistência, enquanto um torturado Arthur se esconde no castelo pois não pode suportar ver seu amor morrer. Então Lancelot aparece, montado em seu cavalo branco (nem é clichê, né?) e salva a amada da morte. Quando os oficiais vieram avisá-lo de que Guinevere escapara, o rei suspira aliviado. Ele contava que o cavaleiro voltasse para salvá-la. Com tudo o que aconteceu, os cavaleiros perderam a confiança em Arthur e se rebelaram. Foi aí que começou o filme, o rei Arthur esperando em frente ao seu castelo para retomá-lo enquanto esperava encontrar Lancelot e Guinevere, antes da batalha começar. E como chora esse Lancelot... Tinha raptado a esposa do seu melhor amigo/comandante/rei e chora como uma carpideira por isso. Mas não abriu mão de ter a Guinevere, né? E ela, então? Depois de ter chifrado o marido com o melhor amigo dele, vai chorar no ombro do cara? Acompanhada do amante, ainda por cima? Não dá, né? Enfim, um arrasado Arthur perdoa os dois e os manda partir. Ainda se perguntando porquê valeria a pena lutar por Camelot, ele conhece um jovem rapaz, muito fã dele. E ouve as grandes histórias das quais participou e o quanto de esperança para o povo sofrido ele levou. Era por isso que lutava, era nisso que acreditava, por isso que se sacrificou. Então, estava pronto para a batalha.

O rei no trono. Oh, wait...
O filme tinha tudo para ser bom. A produção foi bem caprichada, com cenários magníficos - uma Camelot mais rústica que luxuosa, porém não menos grandiosa - e figurinos impecáveis, apesar de me irritar tantos tons pastéis (mas isso é birra minha, confesso). Os atores são fantásticos, mas nesse trabalho em específico são mal dirigidos. Há muita pose e pouca interpretação - exceto, talvez, por Mordred. As músicas são intermináveis, e pareciam muito com os clipes do Abba, só que não tão dançantes. A Guinevere de Redgrave, nos momentos de cantoria, parecia estar em Woodstock. O próprio rei estava bem descaracterizado, às vezes saltitante, às vezes sentado no trono como uma criancinha. Mas me incomodou ele ter vestido a carapuça do 'corno manso'. Ele já sabia do romance e resolveu fazer vista grossa pelo bem de Camelot, chorou aliviado que Lancelot tenha salvo Guinevere da fogueira, disse-lhes belas palavras de despedida. Aham. A intenção de fazê-lo parecer grande e bondoso com estes gestos foi falha no momento em que a interpretação foi transformada em encenação teatral. Uma pena. Só não foi um sacrifício maior porque, ao menos, a minha indignação ao ver o filme foi motivo de gargalhadas pra minha irmã. Fora as piadinhas com Arthur, Guinevere e Lancelot serem Tufão, Carminha e Max (quem não sabia quem eles eram, nem de onde vinham, com certeza na semana final da novela ficaram sabendo). Se eu tivesse visto sozinha, provavelmente eu teria desistido antes de terminar a primeira parte.

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