Então você coloca mais um filme sobre a vida de Cristo e pensa: "bah! Eu sei o final". Certo? Errado! Se o filme em questão for A Última Tentação de Cristo de Scorsese. Baseado no livro de Nikos Kazantzakis, mostra não apenas a última tentação de Jesus, mas a natureza ambígua, geralmente ignorada pelas interpretações tradicionais. É aí que mora o perigo.
Não. Não estou falando da polêmica em ter livre interpretação. E sim no perigo de desperdiçar tempo esmiuçando detalhes que podiam ter mais efeito se resolvidos mais rápido. Jesus (Willem Dafoe em boa interpretação) é divino, mas também é humano. Cheio de conflitos, dúvidas, algumas vezes até meio arrogante e sempre suscetível as fraquezas humanas.
Visão para lá de interessante de um personagem tão conhecido que de outra forma ouvir contar sua história novamente poderia soar repetitivo. Entretanto, sim já conhecemos esta história, e duas horas de projeção parece um excesso sem necessidade. Soa ainda mais desnecessário quando já na crucificação descobrimos que o livro traz uma versão diferente para o final da história.
A supra-mencionada última tentação do título é realmente o que interessa, mas só acontece no fim do filme. Até lá expectadores menos persistentes ou devotos ortodoxos provavelmente já desistiram. Interessante, a versão merecia mais destaque e acaba soando meio corrida após 75% do filme contando mesmo que sob nova ótica a parte que já conhecemos.
Ainda assim, o filme é eficiente. Chato até sua "grande virada", mas cumpre bem a sua função de apresentar o romance que oferece uma nova ótica não apenas para Jesus e sua história, mas também para personagens como Judas e Maria Madalena.
É uma de de minhas visões favoritas da história, embora não seja um dos meus longas favoritos, admito. Embora fazer isso provavelmente me deixe em maus lençóis com devotos fervorosos, religiosos e de Scorsese.
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