Lá se foram os anos 80 e eu mal tinha nascido. Daí este filme foi repetido tantas vezes na Sessão da Tarde que até pararam de passar. E todo mundo já tinha ouvido falar do filme, e visto dezenas de vezes... E eu nunca. Sabe por quê? Por causa do Falcor.
Sim, o dragão chinês da sorte do filme. Não m pergunte como, nem porque, mas eu tinha medo dele quando criança. Daí minha relutância em tentar rever o filme e tirar minha implicância. Acabou-se a lenda (ou lenga-lenga, se preferir): revi o filme para o blog. Até gostei, mas a implicância com o bicho não. Mas vamos ao que interessa.
Um garotinho órfão de mãe acaba por se refugiar no mundo da fantasia, lendo livros de histórias fantásticas e heróis. Perseguido por coleguinhas malvados, ele acaba encontrando abrigo em uma livraria. O dono de lá, um velho rabugento, não queria saber de crianças ali. Quando descobre que ele não é um menino comum, acaba falando sobre o livro "A história semfim", que ele está lendo. Deixa o menino com uma pulga atrás da orelha: "Esses livros que lê são seguros; mas e se você estivesse mesmo em perigo nessas aventuras? O que você faria?"
Foi o suficiente para despertar a curiosidade do menino. Aproveitando uma chance, roubou o livro (mas deixou um bilhete avisando que o devolveria) e o levou para a escola. Lá, começou a ler. Descobriu um mundo fantástico, com monstros de pedra, gnomos noturnos e lesmas de corrida. Mas este era um mundo ameaçado: o Nada estava consumindo tudo. A salvação encontrava-se no poder da Imperatriz, mas ela também estava doente e fraca. Precisavam de um herói.
É quando entra em ação Atreyu, o mais valente guerreiro. E também apenas um menino. O destino de Fantasia está sob responsabilidade dele; se ele não descobrir a cura para o mal da Imperatriz, então tudo estará perdido.
Olhando assim, o mote é super interessante. Mas o roteiro tem algumas pequenas falhas que, hoje, eu percebo com clareza e (como já não sou criança) acabam incomodando. Como assim o menino fica no sótão do colégio o dia todo e ninguém dá falta dele? Ele não vai pra casa depois da aula e o pai não tá desesperado atrás dele? E se Falcor é um personagem fictício, como ele aparece na vida real depois? Fora esses pequenos furos (que só reparei porque fui ver o filme velha demais), tudo mais é interessante. A grande sacada de trazer o leitor como sendo o personagem principal do livros é perfeita; afinal, o que seriam das grandes histórias se não fôssemos nós, leitores, a dar vida a elas? Tudo o que apredemos nos livros nos torna mais fortes, nos ajuda a derrotar nossos medos reais. As metáforas são lindas e facilmente absorvidas pelas crianças.
No fim, foi uma boa experiência. Até porque filmes para crianças com cenas de sangue e morte nunca serão mais bem feitos do que os dessa época, em que ainda não se tratavam crianças como se elas fossem de cristal ou que não pudessem compreender sutilezas. Saudades dessa época...
Ah, sim. Não expliquei o porque não comecei a gostar do Falcor. Bem, acho muito estranho um dragão que tem cara de macaco, orelhas de cachorro, pelos e escamas (que parecem carrapatos gigantes, eca!) num corpo só. Mas, vai ver eu sou uma velha rabugenta igual ao dono da livraria...
0 comentários:
Postar um comentário