Como não se apaixonar pelo cara que te salva de ter a mão decepada? |
Não sei ao certo se eu consegui aproveitar direito essa experiência de assistir Aladdin (Aladdin, 1992) para o blog porque eu ficava o tempo todo com saudades da dublagem brasileira. Ok, Robin Williams foi excepcional como sempre, mas o Gênio é tão do Márcio Simões (o dublador brasileiro que ficou com a responsabilidade de dar vida ao tresloucado personagem) que eu não conseguia assimilar o trabalho genial - com perdão do trocadilho - de Williams.
O enredo, mais de meio mundo já sabe: Aladdin (Scott Weinger) é um ladrão em Agrabah, e tem um fiel escudeiro, o macaquinho Abu. Ele vivia sua pacata vidinha até encontrar, por acaso, com a princesa Jasmine (Linda Larkin) no mercado - ela, cansada de se sentir prisioneira em seu imenso palácio e arrasada por ter que escolher um príncipe para se casar, obrigatoriamente, havia fugido do palácio e quase teve a mão cortada por um comerciante que a confundiu com uma ladra. Aladdin salvou a moça e não resistiu, ele se apaixonou perdidamente por ela. Mas a vida, que já não era justa, não podia ficar pior, não é? Bem...
Iago (Godfried) e Jafar (Freeman): uma dupla infernal |
Acontece que Jafar (Jonathan Freeman), o serpentino Conselheiro do Sultão (Douglas Seale), estava atrás de uma lâmpada mágica, que estava dentro de uma caverna mágica e que só poderia ser adentrada por um escolhido. E quem é que era o escolhido?! Aladdin, lógico. Capturado pelos guardas do castelo, ele foi enganado por Jafar para ir até a tal caverna e pegar a lâmpada para ele. Para azar deles, Abu não resiste ao tesouro encantado e acaba despertando a caverna, que os aprisiona. Para sorte deles, o tapete mágico estava lá para ajudar. E não é que eles também ficaram com a lâmpada mágica? E que o gênio (sempre um ser terrível e perigoso de se lidar nas estórias originais) era um cara super maneiro?!
Pois é. O Gênio (Williams) é tudo. Não dá pra definir melhor. Mistura de apresentador de talk show com comediante primeira classe, um pau-pra-toda-obra com limite de 3 desejos, acabou se apegando ao seu novo amo quando ele lhe perguntou qual seria o seu desejo. Quando respondeu que desejaria ser livre e Aladdin prometeu libertá-lo com seu último desejo, então eles selaram um pacto. O Gênio fez de seu amo um príncipe para que ele pudesse casar-se com Jasmine. Jafar descobre a armação de Aladdin, e rouba a lâmpada para ele, usando os poderes do Gênio para tornar-se sultão e o mago mais poderoso do mundo. Para provar isso, ele mandou Aladdin para o outro lado do mundo, num frio de rachar, mas com a ajuda do tapete, ele ainda tentou voltar para resgatar sua princesa.
O que eles não contavam era com a astúcia de Jasmine. Mesmo presa e subjugada pelo vilão, ela não se dobrou - e não se importou de usar de sua sensualidade para distrair Jafar enquanto Aladdin e Abu tentavam recuperar a lâmpada. Jafar percebeu o engodo e se revoltou, partiu logo pra acabar com a brincadeira: prendeu Jasmine numa ampola de tempo gigante, uma morte horrível a esperava ali, e transformou-se em uma cobra gigante para esmagar Aladdin. Foi quando ele teve uma ideia (perdoem-me repetir a piada, mas é muito legal pra desperdiçar aqui agora) genial. Apelou para o ego de Jafar: ele nunca seria mais poderoso que um gênio. Usando seu terceiro pedido, Jafar se deu mal - todo gênio é um escravo e fica preso dentro de uma lâmpada, à espera que seu amo o liberte. Tudo pronto para um final feliz, não é? Pois bem. Jasmine e Aladdin podem se casar porque a lei que a impedia de escolher com quem se casar foi anulada por seu pai. Aladdin cumpriu sua promessa e libertou o Gênio, que foi viajar, conhecer o mundo, fazer o que lhe desse na telha pela primeira vez em milênios. E todos foram felizes para sempre.
Abraço em grupo! |
Diferente de outras histórias com princesas feitas pelos estúdios Disney, Aladdin tem um homem como protagonista - um ladrão e usa de artifícios "cafajestes" para tentar conquistar a mocinha. A tal princesa não é nem um pouco parecida com as indefesas mocinhas de antes, que muitas vezes eram ajudadas pela sorte para se safarem do mal: Jasmine é ousada, foge do palácio, enfrenta o pai e a sociedade para ter seus direitos respeitados. Os personagens secundários são ótimos, quase tão bons que poderiam apagar a estrela dos principais - mas isso não acontece. Outra coisa que me impressiona é ver um vilão bem "demoníaco", algo que a gente não tá acostumado a ver em filmes para crianças (afinal, dá para assustar crianças sem evocar a imagem do Coisa-ruim como nós adultos já nos acostumamos a ver) - e que assusta bastante. Aliás, um parêntese aqui: a cena em que o papagaio Iago (Gilbert Gottfried) se vinga do Sultão, enfiando biscoitinhos goela abaixo, é uma cena de tortura sim, e é di-ver-ti-dís-si-ma! Some-se a isso tudo o visual de tirar o fôlego, a música que marcou uma geração de fãs e a inspirada criação do Gênio pelo genial artista que foi Robin Williams tornam essa animação um clássico imperdível. Que nosso querido Gênio, agora que está livre, esteja tão feliz quanto ele fez felizes as crianças - e adultos - que se deliciaram com essa aventura.
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