Se você não rir de absolutamente nenhuma piada, pode começar a me apedrejar |
Sabe quando você espera muito de um filme e acaba não achando ele isso tudo? Pois é. Não é que A vida de Brian (Life of Brian, 1979) seja ruim, muito pelo contrário. É, inclusive, muito bom. Mas depois de ter visto Monty Python em busca do Cálice Sagrado para o blog, esse ficou um pouco a desejar. Talvez eu esperasse mais conexões da vida do Brian com Jesus para justificar tanto alarde com a blasfêmia que o povo fala tanto, mas nada tira o brilhantismo da sacada genial.
E dá pra não rir com esse Pilatos?! |
Tudo começa quando os Três Reis Magos acabam ofertando ouro, incenso e mirra para a mãe de um bebê nascido numa manjedoura em Jerusalém, mas acabam descobrindo que o bebê chamado Brian não era o tal do Salvador que a estrela os guiou para conhecer - mesmo com a mãe dele dizendo várias vezes que ele não era nada especial. Aí eles descobrem Maria, José e Jesus na manjedoura certa, voltam, pegam os presentes de volta na base da porrada. Dai o Brian, que nasceu para ser Brian, vive com a mãe ultracontroladora (e ligeiramente pervertida) e acaba encontrando, lá e cá, o messias. Do sermão da montanha até a crucificação, Brian segue uma vida paralela a que nós já conhecemos de Jesus. Também inconformado com a perseguição romana a seu povo, ele acaba querendo se juntar a um movimento revolucionário - especialmente depois de se apaixonar por uma bela rebelde. Enquanto se juntava a um desses movimentos (eram tantos os nomes que até me confundi), ele passou a ser testado por seus integrantes, seguido por fanáticos e perseguido pelos romanos. A trajetória foi bem parecida, mas o final foi bem diferente...
Essa é a multidão que venerou Brian: acho que não vou fazer parte da turma |
Os comediantes são excepcionais em fazer troça em cima de temas polêmicos, e as críticas sobre religião e comportamento social estão muito atuais, mesmo o filme tendo mais de 30 anos. É hilário identificar certos comportamentos perpetuados, e o melhor, é rir disso tudo. Nem todos gostam de se mexer em sua crença, e os que não tem, geralmente gostam de pisar na ferida alheia. Mas que as sacadas eram tão boas quanto doloridas para os que compartilham da crença, ah... Isso não se pode negar! Ouvir uma pregação que fala de igualdade e humildade, e aí as pessoas adequam o que ouvem àquilo que acreditam ser justo para elas; pessoas que não se importam com o discurso que está sendo falado/escrito, mas a-do-ram corrigir os erros dos outros; egos super inflados que não admitem suas falhas mais do que óbvias; pessoas que adoram filosofar sobre problemáticas, mas botar a mão na massa que é bom, nada; sexismo idiota; julgamento descabido e "só por diversão", sem nem parar para ouvir o que se está realmente acusando; discutir pelo puro prazer de discutir... Como é delicioso ver que tem gente que tem coragem de jogar nosso ridículo na nossa cara!
A produção é bem feita e os atores multitarefas fazem mais de um personagem cada, é até uma brincadeira interessante identificar quem faz quem na tela. Independente de fé ou polêmica, curtir o filme é válido pela diversão e pela ousadia, além de renovar a vontade de ver mais filmes do lendário grupo de humor.
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