Sabe aquele vazio que você sentiu quando Dezembro de 2004 chegou e não havia mais um filme baseado no universo de Tolkien por estrear? Finalmente esse vazio foi preenchido. Entretanto, se você não sabe que sensação é essa a que me refiro, ótimo vai ter a oportunidade de descobrir a Terra Média pela primeira vez. Em ambas as situações o motivo é o mesmo, O Hobbit.
A primeira parte da nova trilogia de Peter Jackson na Terra Média, acompanha Bilbo Bolseiro (Martin Freeman), na tal jornada do título. O pequeno hobbit é convocado por Gandalf (Ian McKellen), ainda o cinzento e 13 anões para ajudar a recuperar o lar dos anões roubado pelo dragão Smaug.
Talvez a branca de neve que saiba das coisas, mais que 7 é anão demais para decorar. Dentre os 13 integrantes da companhia dos anões apenas o Thorin Escudo-de-Carvalho (Richard Armitage) se destaca. São muitos personagens para apresentar mesmo com quase três horas de duração. Com isso o grupo perde em carisma. Problema que passa longe de Bilbo e Gandalf, personagens já conhecidos da trilogia anterior. Traz Freeman com uma interpretação afinada, e McKellen adorando reviver sua fase preferida de Gandalf, a "cizenta". O resultado é divertido!
Diversão aliais, é a novidade deste longa. Baseado em um livro para crianças traz bastante cantoria, "acrobacias" dos anões, além de uma corrida de carroças puxadas por lebres. O meio de transporte de Radagast,o castanho, vai encantar os pequenos. Mas o personagem soa caricato demais para aquele universo, que apesar de viver tempos menos conturbados, tem suas raízes na mais sombria trilogia original (que curiosamente se passa depois, rs).
E é nos apêndices de O Senhor dos Anéis e na trilogia cinematográfica original que Jackson vai buscar detalhes para enriquecer a história. O Hobbit, fora escrito muito antes da trilogia do anel, é mais ingênuo, e carente dos detalhes sobre a terra, os povos e suas histórias que Tolkien criou posteriormente. Amarra as pontas, soltas, mata a curiosidade, mas ha quem diga, que a narrativa perde o foco com o excesso de flashbacks.
Da trilogia original, além de visual e cenários, o filme traz de volta a trilha sonora e até takes do original. Como na tomada em que Bilbo está sob uma ameaça desconhecida vinda de cima, e a câmera observa por baixo, assim como Frodo foi perseguido por Laracne. Ou no acidente que provoca o uso de certa jóia pela primeira vez. A trilha sonora fica inconfundível, sempre que elementos que também estão presentes em O Senhor dos Anéis aparecem na tela, retornando aos principais temas dos primeiros filmes.
Os apêndices também proporcionam uma quantidade de violentas lutas e decapitações, que provavelmente não deveriam estar em um livro infantil. Mas esse filme não é exatamente para crianças, ou só para o público em geral, é para quem quer mergulhar de cabeça naquele universo, sem hora para voltar (talvez por isso encarei uma sessão tão vazia em pleno sábado). Por isso é mais inflado de conteúdo do que precisaria e consequentemente menos acessível do que deveria. Merecia talvez soluções mais rápidas em algumas sequencias. A sensação é de que já estamos assistindo a "versão estendida para fãs" (acredite ou não, vai haver uma).
Os efeitos especiais, não decepcionam, não podia ser diferente, com os avanços tecnológicos que a franquia pretende alcançar. Assim conhecemos seres realisticamente repulsivos, e um Golum (Andy Serkins) versão 2.0, com ainda mais nuances que os já eficiente trabalho original. Vale lembrar que assisti apenas em 3D, a 24 quadros por segundo. Para os poucos sortudos que poderão apreciar a experiência completa (48fpr, 3D e IMax), vão apreciar o início de uma grande mudança na linguagem cinematográfica.
Não é tão perfeito, ou empolgante quanto a trilogia original. Em parte por ser uma grande introdução aos próximos longas. Ainda assim, é uma ótima viagem, com bons personagens (entre aqueles que lembramos o nome) incríveis paisagens novas e conhecidas (tenho quase certeza que Valfenda existe de verdade!). E proporciona a dose de fantasia "Tolkiana" da qual sentíamos tanta falta.
Resenha publicada originalmente no blog Ah! E por falar nisso..., em Dezembro de 2012.
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