Pouca gente conhece quem foi o gênio Alan Turing e o que ele fez pelo planeta, mas o longa O jogo da imitação (The imitarion game, 2015) chega às telonas para trazer esse (re)conhecimento do matemático que mudou a história do mundo dw forma anônima.
Turing (Benedict Cumberbatch) era um professor universitário na Inglaterra quando foi recrutado - de forma peculiar - pelo exército britânico para ajudar a descobrir um método eficiente de se traduzir os comandos nazistas interceptados pelos militares. A codificação extremamente complexa criada pela máquina Enigma fazia com que os aliados estivessem sempre dois passos atrás, e nem mesmo os melhores linguistas e matemáticos da Bretanha conseguiam descobrir algo antes que fosse tarde demais - à meia-noite de cada dia, o sistema mudava o código chave, e todos tinham que começar novamente do zero.
Sabendo que o número de possibilidades era impossível de se calcular manualmente, Turing focou seus esforços e criar uma máquina capaz de competir com a Enigma. Desacreditado por seus superiores e com um comportamento nada afável (era por diversas vezes arrogante e intratável, mesmo com os colegas de equipe) que só dificultava o dia-a-dia, Turing teve que lutar para ter sua máquina tirada do papel e transformada em realidade. Causa diversos mal estares com o exército ao ultrapassar hierarquias de comando e usar métodos alternativos de recrutamento de pessoal, somente para ter exatamente o que precisa. Quando prova-se correto, nem mesmo todo o esforço e o benefício que sua descoberta trazem para a Inglaterra e os Aliados são o suficiente para ajudá-lo quando, anos depois, ele é vítima do preconceito.
O longa foca especificamente na vida de Turing nesse período da vida, e o que ele fez pela sociedade moderna atual: seu trabalho com a quebra do código, acredita-se, reduziu a guerra em 2 anos e salvou milhões de pessoas, além de ter sido o rascunho do que hoje chamamos "computador". Em uma interessante linha narrativa, costurada em três partes, é possível perceber a relação de causa e consequência que desencadeiam os fatos. O elenco é afinado e a direção soube explorar bem o potencial deles, e é impressionante ver a entrega de Cumberbatch ao personagem - embora essa não seja uma atuação que surpreenda ou supere expectativas de quem já conhece o trabalho do ator.
Como ressalva, reclamo da onipresença de Keira Kinghtley em produções britânicas. Fosse outra atriz a interpretar Joan, e aí o filme seria perfeito. É complicado o equilíbrio em cenas mais emotivas, principalmente quando ela contracena diretamente com Cumberbatch.
A trilha sonora é um detalhe à parte, deliciosa e precisa, emocionante, marcante. Em conjunto com o roteiro e a fotografia, o filme acaba sendo daqueles que a gente sai do cinema encantado, lembrando de cenas e frases (já) icônicas e discutindo detalhes. Com certeza, O jogo da imitação deve entrar para o hall das grandes cinebiografias.
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