Home » , » Crítica: Uma Vida Oculta

Crítica: Uma Vida Oculta



Por Ana Beatriz Marin

O ano é 1939, e os habitantes do pequeno povoado austríaco de Sankt Radegund vivem tranquilos, protegidos pelas altas montanhas que circundam o local. E acompanham, à distância, os acontecimentos que culminarão, em setembro, no início da Segunda Guerra Mundial e na caça aos judeus pelas tropas de Hitler. É nesse cenário idílico que o camponês Franz Jägerstätter (August Diehl) vive com a mulher e as três filhas. Já nas primeiras tomadas de Uma Vida Oculta, em cartaz nos cinemas, reconhecemos algumas das muitas marcas registradas do cineasta Terrence Malick: vários momentos de silêncio, narrativa pausada, digressões e reflexões dos protagonistas em off entremeadas por planos abertos e paisagens exuberantes, música clássica como trilha sonora. A diferença deste para os filmes anteriores, porém, é o roteiro, mais objetivo.

Malick levou três anos para editar o longa, que tem quase três horas de duração, e reflete sobre suas inquietudes acerca de política e religião, apesar de se tratar de uma história real. Franz Jägerstätter existiu e foi convocado a lutar pelos nazistas em 1943. Depois de muito se questionar - e de ser pressionado pela Igreja e ver os vizinhos virando-lhe as costas -, ele se apresenta. Mas acaba preso, torturado e morto por traição após se recusar a servir aos ideais de Hitler. Trata-se menos de um ato heroico e mais da crença de que assassinar judeus não é correto ou justo e que não condiz com os ensinamentos religiosos que recebeu e com os quais se identifica.

O filme foi inspirado na história real do camponês Franz Jägerstätter (August Diehl)

Na metade da projeção, as paisagens idílicas, apresentadas com planos abertos e câmera parada, mesclam-se com a violência sofrida pelo camponês na prisão. Nessas cenas, os movimentos de câmera se tornam mais rápidos e os planos, mais fechados, acentuando a atmosfera de amargura do personagem. Apesar da aparente calma, as cenas no campo, nas quais Franziska (Valerie Pachner) vivencia todo o sofrimento pela ausência e falta de notícias do marido, são carregadas de tensão e ódio, expressos sobretudo nos gestos e olhares que os moradores de Sankt Radegund lançam para a moça. Marido e mulher, portanto, travam lutas particulares e muito solitárias, cada um a seu modo.

É interessante notar ainda que praticamente todo o ambiente familiar é apresentado no filme com tons escuros, como se a portas e janelas da casa estivessem sempre fechados. Percebe-se, em algumas cenas, a luz entrando, mas são poucas. O único lugar do imóvel totalmente claro - com paredes e lençóis brancos - é o quarto do casal. 

Franziska (Valerie Pachner) sofre com a falta de notícias do marido

Malick se inspirou nas cartas que Franz e Franziska trocaram enquanto ele esteve preso - e que foram recompiladas em livro - para escrever o roteiro de Uma Vida Oculta. A casa onde eles viveram serviu de locação para o longa e atualmente é ponto turístico da região. Em 2007, o papa Bento XVI autorizou a beatificação de Franz. A cerimônia foi realizada em Liz, na Suíça, e contou com a presença de Franziska e das filhas.

1 comentários:

Anônimo disse...

Assisti ao filme recentemente e devo dizer que é muito bom. É um pouco longo, mas conforme você vai vendo acaba se envolvendo com o drama do personagem principal e de sua família. Filme que nos falamos de princípios e da família.

Meses temáticos!

Confira nosso catálogo de críticas e curiosidades completo, distribuído em listas e meses temáticos.

Lista de 2015 Lista de 2010
Meses temáticos
2014 2013 2012 2011
Trilogia Millenium Ficção-cientifica Pioneiros De Volta para o Futuro
Meryl Streep e o Oscar Broadway Brasileiros no Oscar Liz Taylor
Fantasias dos anos 80 Realeza Tarantino Filmes de "mulherzinha"
Pé na estrada Scorcese Chaplin Stephen King
Mês Mutante Off-Disney Filmes de guerra Noivas
Mês do Futebol Mês do Terror Agatha Christie Genny Kelly
Mês Depp+Burton Shakespeare HQs Harry Potter
Cinebiografias Pequenos Notáveis Divas Almodovar
Robin Williams Mês do Rock Woody Allen Remakes
Mês das Bruxas Alfred Hitchcock Rei Arthur Vampiros
Humor Britânico John Wayne John Hughes Elvis
Mês O Hobbit Contos de Fadas Apocalipse O Senhor dos Anéis
  • Facebook Twitter RSS
As definições do projeto para formar cinéfilas melhores foram atualizadas

Nascemos como um projeto para assistir e conhecer cinema. Maratonamos várias listas de filmes, e aprimoramos nossa cinefilia. Agora estamos em uma pausa (esperamos que breve), mas ainda temos tempo para resenhar um lançamento ou outro. Vem amar cinema com a gente!

Gêneros

Resenhas (825) Drama (247) Lançamentos (174) Ficção científica (113) Aventura (108) Comédia (79) Ação (59) Musical (54) Terror (51) Fantasia (43) Animação (32) Biografia (27) Comédia romântica (26) Épico (24) Faroeste (22) Thriller (8)

Arquivo do blog

Seja parceiro

Descubra como!
 
Copyright ©
Created By Sora Templates | Distributed By Gooyaabi Templates