O Nome da Morte (2018) é um filme forte e impactante. Estreia de Marco Pigossi nas telonas, o longa de Henrique Goldman tem outras estrelas no elenco, como Fabiula Nascimento, André Mattos e participações especialíssimas de Augusto Madeira, Toni Tornado e Matheus Nachtergaele. O bom roteiro de George Moura é realçado pela ótima montagem de Lívia Serpa, que dão um ritmo único à progressão de Julio Santana, o protagonista, em sua descida ao inferno.
Júlio (Pigossi) é um jovem pacato que vive no interior do Tocantins. Mora com os pais e os irmãos em uma casa humilde à beira da estrada, e o trabalho na borracharia é a fonte de renda da família. mas esse trabalho não parece interessar muito ao rapaz, que prefere aproveitar o tempo passeando pelo campo e namorando de vez em quando - o que incomoda e muito seu pai e irmão. É quando o tio do rapaz, Cícero (André Mattos, excelente), aparece com presentes que surge a ideia: e se ele fosse trabalhar na polícia, como o tio? Meio a contragosto, mas querendo fazer algo com a própria vida, Júlio segue o tio rumo à cidade.
Cícero (Mattos) ensina Júlio (Pigossi) o caminho das pedras |
Lá, ele descobre que o tio não é policial - apesar de usar uma farda e ser respeitado por todos os vizinhos. Cícero é pistoleiro, e tem sempre um trabalho surgindo. Com a promessa de dinheiro grande e fácil chegando, Júlio acaba seduzido pelo poder e pelo status que ganha (é assustador ver como a fama de "bom prestador de serviços" se transforma em uma contagem de mortes absurda). Além do mais, ele se apaixona por Maria (Fabiula Nascimento, em grande atuação) e pretende dar à amada uma vida digna de rainha. Porém, aceitar trilhar esse caminho não é fácil, e Júlio acaba sofrendo, cedo ou tarde, com as consequências de suas escolhas.
Maria (Nascimento) trabalhava no bar do avô quando conheceu Júlio |
O longa acerta em dar ao espectador uma visão mais neutra sobre o protagonista, sem valorizar demais suas motivações nem negligenciar sua violência. Um clássico anti-herói, que acaba cativando o público apesar das atrocidades que comete - créditos para a boa atuação de Pigossi, que dá credibilidade ao Júlio como jovem sem rumo que se deixa perder. Sendo sua estreia no cinema e já com um personagem tão denso, além de contracenando com grandes talentos, o ator não deixou a desejar. O texto sagaz também traz uma ácida crítica à moral elástica dos pistoleiros, a manutenção desse tipo de "serviço" ate hoje e à violência com a qual nós nos vemos bizarramente acostumados. O Nome da Morte é uma ótima opção para quem gosta de cinema nacional (e quem não gosta, começar a se interessar) e quem busca algo mais que puro entretenimento.
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