Tolkien


Para os fãs da extensa obra literária de John Ronald Reuel Tolkien, conhecido como J. R. R. Tolkien e famoso pela Trilogia do Anel, a cinebiografia Tolkien (Tolkien, 2019) chega aos cinemas como um agradável presente. A narrativa alterna um presente sombrio (a atmosfera da Primeira Guerra Mundial, do qual Tolkien participou) e flashbacks, focando nos pontos principais que levaram o menino órfão que virou soldado e veio a se tornar o criador de um dos mais famosos mundos fantásticos da literatura mundial. Com roteiro de David Gleeson e Stephen Beresford, e dirigido por Dome Karukoski, é uma bela homenagem ao autor. 

Nicholas Hoult interpreta Tolkien na fase adulta: construção do personagem soa bastante fiel à trajetória do autor
No front em Somme, na França, o capitão Tolkien (Nicholas Hoult) está determinado a encontrar o amigo Geoffrey Smith (Anthony Boyle), que não responde às cartas da mãe nem às dele. Doente, e em meio àquele caos, precisa da ajuda do jovem soldado Sam Hodges (Craig Roberts) para tanto. Em meio a bombas de gás, intenso tiroteio, lança-chamas, sangue e lama, ambos seguirão na jornada até o fim. Somente as lembranças de seu passado o mantém firme no propósito de sobreviver para voltar para casa.

Tolkien (Hoult) no front em Somme: inspiração em meio ao horror da guerra
Nessas lembranças, vemos quando o jovem Ronald Tolkien (Harry Gilby) está prestes a passar por uma enorme transformação: a situação paupérrima de sua família o obrigará a se mudar, junto com a mãe Mabel (Laura Donnelly) e o irmão Hilary (Guillermo Bedward), do interior para Birmingham. Com a ajuda do padre Francis (Colm Meaney), a família sobrevive na cidade. Quando Mabel vem a falecer, o padre consegue que a sra. Faulkner (Pam Ferris) os adote, e eles passam a viver em uma casa muito mais confortável. Ela já havia adotado a jovem Edith (Mimi Keene), que lhe serve como dama de companhia, e logo fica evidente que há um sentimento mais que fraternal entre Ronald e Edith (que, mais tarde, é interpretada por Lilly Collins).

Edith (Collins): o grande amor de Tolkien, era também uma inspiração e uma incentivadora desde o início
Mas o primeiro amor de Ronald, como ele era chamado, é a palavra. Desde criança, incentivado pelas histórias de contos de fadas que a mãe lhes contava, Tolkien criava idiomas e criaturas. Ao crescer, Edith tornara-se uma de suas maiores incentivadoras, além dos outros três amigos fundadores do T.C.B.S. (Tea Club, Barrowian Society, Sociedade e Clube de Chá de Barrows, em tradução literal) - um grupo de jovens estudantes Oxford, cujas mentes brilhantes e paixão por suas artes incentivavam e apoiavam mutuamente entre si. Além de Tolkien e Smith, Rob Gilson (Patrick Gibson) e Christopher Wiseman (Tom Glynn-Carney) formavam o quarteto improvável e inseparável - até que a Guerra acontecesse.

O T.C.B.S.: grupo de amigos de Tolkien inspirou o sentimento de fraternidade e união de seus personagens
Há uma poesia nesse filme que o torna aconchegante, embora o ritmo mais lento possa entediar o espectador que não conhece a obra literária do autor. É preciso lembrar que muitos são fãs das adaptações cinematográficas de Peter Jackson, cheias da ação e aventura que ele criou com tanta minúcia e propósito, mas que nunca leram os livros - e que provavelmente não sabem que esse olhar mais contemplativo e minucioso é característico da escrita dele (e que está bem retratado no ritmo do filme). Mas a emocionante e inspiradora trajetória foi tratada com o devido respeito e reverência, sem pesar para os excessos melodramáticos nem tampouco menosprezar os impactos que as sucessivas tragédias tiveram na vida de Tolkien. Para os amantes de literatura, vale a experiência de acompanhar como um autor nato é capaz de unir sua paixão, sua história e sua vida em inspiração para transformar as tragédias em arte. Para os fãs de cinema, fica a dica de um belo filme, muito bem produzido, dirigido e fotografado. Para os fãs de Tolkien, fica a curiosidade de ver um pouco mais sobre o homem, o ser humano, que criou um universo tão belo e fantástico. Por fim, Tolkien é mais uma bela adaptação da história criada por esse criativo autor - dessa vez, ele é o personagem principal da sua própria e fantástica aventura.

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Pé na estrada Scorcese Chaplin Stephen King
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