Toy Story 4 (Toy Story 4, 2019) pode, à primeira vista, parecer desnecessário - já que a trilogia que o antecede é bem redondinha. Mas essa nova e divertida estória do grupo de brinquedos mais fofo que existe se encaixa perfeitamente na corrente e traz novos (e divertidos) personagens para gente se apaixonar, além de resgatar outros esquecidos. Coerente e emocionante, tem de tudo para agradar aos fãs de longa data e aos pequenininhos também.
Bonnie cria um novo brinquedo, Garfinho - mas ele não parece lidar bem com a nova vida |
Depois de terem sido adotados por Bonnie (Madeleine McGraw) no último filme, os antigos brinquedos de Andy vivem um ótimo momento: se enturmaram com os novos colegas, tem uma nova dona fofa e cuidadosa, e um novo lar para viverem em paz. Mas Bonnie está crescendo, e é chegada a hora de começar a frequentar a escola. Woody (Tom Hanks/Marco Ribeiro) se considera um especialista em cuidar das crianças, já que passou por esse processo com seu dono anterior e até mesmo com a irmãzinha dele, Molly - ele sabe o quanto a luminária da boneca Betty (Annie Potts/Telma da Costa) e suas ovelhas foram importantes para a pequena perder o medo do escuro. Assim, quando os pais de Bonnie a levam para o primeiro dia na escola, Woody sabe que precisa estar com ela.
Betty, a boneca de porcelana que ajudou Molly a superar medos, vai se reencontrar com a turma |
Jogando-se dentro da mochila da pequena, ele a ajuda a passar pelo estresse do primeiro dia sem que seja notado. E ele acaba presenciando uma cena inusitada: com materiais recicláveis, Bonnie cria um novo brinquedo - o Garfinho (Tony Hale). Mas Garfinho não parece muito à vontade no papel de brinquedo - ele sabe que é "lixo" e quer, a todo custo, voltar a ser apenas lixo reciclável. Então Woody, mesmo estando meio esquecido por Bonnie, decide se tornar babá do Garfinho fujão, justamente por saber o quanto ele será importante no crescimento dela. E é por causa dessa atitude rebelde de Garfinho que Woody vai acabar se metendo em muita confusão.
Woody e Garfinho tentando voltar para Bonnie: responsabilidade e lealdade em primeiro lugar |
A nostalgia aqui é bem equilibrada com uma dose extra de humor, calcado principalmente nos novos personagens. Estes, aliás, tem maior destaque nessa produção (um significativo "passar de bastão" para uma possível nova fase, talvez?). À exceção do Garfinho, todos são introduzidos em um cenário externo - uma pequena parada turística, onde um parque de diversões e um antiquário servem de abrigo para brinquedos perdidos. No parquinho, Woody reencontra Betty e descobre que ela está se virando muito bem como uma boneca perdida - o maior pesadelo de Woody - e Buzz Lightyear (Tim Allen/Guilherme Briggs) se depara com uma dupla tão fofinha quanto alucinada: Patinho (Keegan Michael-Key, o Murray de "Hotel Transilvânia") e Coelhinho (Jordan Peele, o diretor de "Corra" e "Nós"). No Brasil, os comediantes Antônio Tabet e Marco Luque foram os responsáveis por dublar a dupla de bichinhos de pelúcia, e o resultado ficou ótimo. Juntos, eles vão ter que correr contra o tempo para resgatar Garfinho das mãos de Gabby Gabby (Christina Hendricks/Érica Menezes) e seus sinistros capangas ventríloquos.
Gabby Gabby e seu capanga ventríloquo: o antiquário é um mundinho meio sinistro |
E apesar de toda a diversão e gargalhadas genuínas (os brinquedos estão mais ativos e interagem mais com os humanos, levando a situações hilárias), Toy Story mantém a sua tradição de emocionar o público. Tocando em assuntos delicados como o medo do esquecimento e do abandono, e a busca pelo seu papel no mundo, o roteiro de Andrew Stantom e Stephany Folsom dialoga com todas as idades e costura muito bem a trajetória até aqui. O clima geral de despedida dessa turminha soa menos melancólico do que o anterior, e, de certa forma, ajuda a encarar de forma mais confortável a grande mudança - exatamente o propósito dos brinquedos ao longo da jornada. Josh Cooley, diretor da animação, garante um ritmo intenso de ação (e até um tantinho de terror, na parte do antiquário) sem perder o foco na diversão e no significado - e nem é preciso elogiar a excelência da luxuosa animação. Os detalhes de textura, luz e formas são espetaculares, e ainda mantém essência da animação original de 1995.
Buzz conhece Patinho e Coelhinho: novos personagens são muito divertidos |
Toy Story 4 chega aos cinemas nessa quinta e vai agradar ao público adulto, que acompanhou essa turma desde o início, divertir aos pequenos e emocionar a todos no fim. Simplesmente imperdível.
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