Infelizmente familiares e amigos a minha volta não curtem cinema tanto quanto eu, a maioria fica nos blockbusters, e pronto. Logo cansei de ouvir a nada agradável pergunta - Por que você está fazendo isso? - ao explicar porque estava assistindo a um filme antigo. A essa altura já cansei de tentar explicar e quando alguém se espanta com a idade do filme a que estou assistido, apenas digo - Tô a fim de ver!
A partir daí vocês podem imaginar a minha surpresa quando me vi cercada no sofá ao assistir Luzes da Cidade. As crianças da família, reunidas após o tradicional almoço de domingo, se dobravam de tanto rir ao assistir à cena da tentativa de suicídio. Os adultos que passavam na sala, davam aquela espiada e, ao invés do tradicional asco pela falta de cor e som, soltavam um surpreendente - Ah, é Chaplin!
Cconquistar plateias desinteressadas é tarefa difícil, especialmente para filmes de quase 80 anos. Tarefa que o vagabundo tirou de letra. A receita para isso? Charme puro! Acompanhado de muito bom humor e ingênuidade.
Carlitos por si só é adorável, e adorado, por muitos. É, provavelmente, a figura mais imitada da história do cinema, mesmo os espectadores mais alienados reconhecem o bigodinho, a bengala, a cartola e o andar desequilibrado. Adicione a um personagem querido, a doçura de um romance ingênuo e fica difícil, aliás, impossível resistir.
O romance é singelo e doçe, mas nunca meloso, afinal o diretor (o proprio Chaplin) encontrou os espaços perfeitos para inserir as cenas cômicas que encantaram a criançada por aqui. Criando o ritmo perfeito para a atuação exagerada típica de filmes mudos.
Não que Luzes da cidade seja completamente mudo: além da música, este também tem efeitos sonoros, usados de forma bastante inteligente como na divertida cena em em que o Vagabundo engole um apito. Contudo a ausência de falas dos personagens conserva aquele ar de nostalgia que só os filmes mudos tem.
Pensando melhor, acredito que seria difícil, insano e desagradável dar voz ao Vagabundo. Afinal ele é um mímico por natureza. Além do mais, depois do que vi no último domingo, pergunto - Quem disse que ele precisa falar para encantar gerações?
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