"Como eu nunca havia ouvido falar desse filme"? Era a única coisa que eu conseguia pensar enquanto assistia a Aurora. Ainda bem que existe o DVD, sofá e pipoca para sanar minha ignorância cinematográfica, porque o longa de F. W. Murnaut é encantador. Tem todo aquele charme dos filmes mudos e alguns recursos bem modernos para a época, mas o melhor mesmo é a história, contada com simplicidade e delicadeza.
Nosso protagonista sem nome, casado e pai de família, se deixa envolver pelos encantos de sua amante e planeja a morte da esposa. Se isso lhe causa horror, imagina à pobre mulher, que descobre da pior maneira possível que o marido não é bem quem ela imagina. Quando o plano dá errado, ele se arrepende, e passa a fazer de tudo para reconquistá-la. Nessa longa caminhada para recuperar a confiança perdida, um dos momentos mais bonitos é quando o casal entra na igreja na hora em que está acontecendo um casamento. Ouvir os votos dos noivos no altar funciona como uma espécie de epifania: "O que foi que eu fiz?". Lindo, lindo.
A partir daí, vamos acompanhando de perto a reaproximação do casal (é, eles não têm nome) é alternada com momentos ternos e românticos, com outros muito bem-humorados, como a sequência do porquinho bêbado e da escultura quebrada. Reparou? O filme reúne ingredientes tão diferentes como tragédia, drama, romance, comédia... E tudo muito bem costurado, uma habilidade para poucos. Está lá também a semente para várias histórias de amor que assistimos repetidamente no cinema, com os encontros e desencontros dos protagonistas até o tradicional final feliz. Parece simples demais? Às vezes, a simplicidade é a melhor qualidade que uma obra pode ter.
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