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Impassível, nunca!

Desde o início dos tempos a história é tradicionalmente contada pelos vencedores. Na Guerra Civíl estadunidense o sul escravagista perdeu. Aprendemos isto logo na primeira semana de vida deste blog quando  E o Vento Levou foi o filme da semana. Logo é de se admirar que O Nascimento de uma Nação, tenha resistido ao tempo, ou melhor que tenha sido produzido. Mais espantoso ainda, que seja uma superprodução de 3 horas feita em 1915 (!), quando o cinema ainda engatinhava e a maioria dos filmes não passava de 60 minutos de duração.

É um filme raro (precisei de meses para encontrar uma cópia, está aí o motivo de meu atraso), mesmo em canais especializados em clássicos ele é pouco exibido. Provavelmente porque seu conteúdo polêmico não agrada a grande maioria. Some o fato que moramos no Brasil, e que o pouco que conhecemos deste conflito vem de aulas de história, em que cochilávamos, e de filmes e programas de TV feitos por nossos colegas do norte. Empatia? Já esperava sua ausência.

Aula de história segundo D. W. Griffith: Duas famílias amigas, uma do norte outra do sul, convivem amigavelmente e até ensaiam alguns relacionamentos amorosos entre seus filhos. Começa a guerra civil, aqui a principal causa da discórdia seria a libertação dos negros. Cada família une forças aos respectivos exércitos.  Embora hajam baixas de ambos os lados, o sul é que sofre mais, tem suas casas invadidas, seus valiosos pertences e conforto perdidos, e ainda perdem a guerra!

A cavalaria salva a pátria!
Ao fim da guerra Abraham Lincoln é assassinado no Teatro Ford, deixando a tarefa de reconstruir o sul para Austin Stoneman. Durante a reconstrução negros além de livres, ganham voz e voto. Conquistam lugares na Assembléia Legislativa, mesmo não tendo capacidade e postura para tal, comem, fazem balbúrdia e até tiram os sapatos durante as seções. Indignado Ben Cameron, filho mais velho da "sofrida" família sulista, noivo da filha de Stoneman, tem a brilhante idéia de criar uma força para libertar os brancos da anarquia negra. Nasce a Ku Klux Klan, e morre o romance com a moça abolicionista.

A guerra recomeça de verdade quando um negro, que tem atração por brancas,  persegue a irmazinha de Cameron até a pobre menina despencar do penhasco tentando evitar seu inusitado pretendente. Aí, vem a justiça pelas mãos da Ku Klux Klan, e a retaliação dos negros que inclui um motim, e o cativeiro de Stoneman e sua filha. Heroicamente salvos pelos cavaleiros brancos encapuzados. Estes também retomam a cidade, libertam os brancos, e desarmam os perigosos negros sem baixas em nenhum dos lados. Ufa! Muita história para justificar os longos 187 minutos do 1º longuíssima metragem da história.

Por onde começar? Os absurdos estão por toda a parte.
Pelo ponto de vista, claro! O sul escravagista está correto e foi muito, muito injusto sacrificarem seus filhos e conforto, pela liberdade dos negros. Dá para ser mais racista? 

E a Ku Klux Klan? Que nobre, nasceu para defender os fracos e oprimidos. E como podemos ver pela única morte de um negro, devidademente condenado (mas, não necessariamente culpado, por um júri por assassinato, a organização nunca foi cruel ou injusta ao praticar a justiça. Sei...

E a irmãzinha, que mesmo sabendo que não devia sair sozinha, foi passear. Quando a encrenca apareceu, reagiu como uma exemplar mocinha de filmes, escolhendo a pior opção para se safar. Uma floresta inteira para correr, alguns segundos de vantagem na corrida e ainda assim, ela escolhe pular do penhasco à ser tocada por um negro. Muito inteligênte! Morreu e condenou não apenas um homem a morte, mas uma cidade inteira a mais uma guerra e toda uma etnia a segregação por décadas.

O roteiro é sem dúvida detestável! Mas aí percebemos, o pioneirismo do longa, o trabalho que foi preciso para realiza-lo. E que por mais que as longas cenas de batalha em campo aberto sejam lentas e confusas (de verdade, eu só entendia o que aconteceu depois que aparecia a cartela), é difícil abandonar o filme. Ou seja, é uma péssima história muito bem contada!

Não faço idéia de como aconteceu, mas eu gostei, e odiei o filme, necessariamente ao mesmo tempo. É um bom filme, mas a história é um nojo. Como é possível? Ainda não descobri. Mas uma certeza ficou: O Nascimento de uma Nação é assim, amar ou odiar (ou os dois), mas ficar impassível, nunca!

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