Eu confesso, fiquei mal acostumada com Cantando na chuva. Assisti a Cover girl esperando ver um grande musical, com números bem executados e perfeitamente encaixados, boas atuações e roteiro bem construído. Não pude evitar a decepção. A história até cresce do meio para o final, mas já não é suficiente para desapontar quem gosta de um filme do gênero bem feito.
Em primeiro lugar, fiquei muito sentida pela condição de coadjuvante de Gene Kelly. Não que ele seja um ator estupendo, mas funciona bem. A questão é que a presença dele, em especial nas coreografias, faz toda a diferença. É dele a melhor sequência disparada do longa (e, não à toa, a que ele dispensa seus parceiros): a que ele dança consigo mesmo. O efeito do duplo é curioso, mas não é tudo. A precisão dos movimentos, a postura e a quase perfeita sincronia entre Danny e Danny nos faz lembrar o tempo todo de que estamos diante de um dançarino de verdade.
O efeito contrário acontece quando Rita Hayworth está em cena. A atriz pode ser graciosa e tal, mas não é capaz de convencer dublando as músicas ou dançando (se é que aquilo pode ser chamada de dança). Até aí, temos um problema, já que se trata de um musical e ela ocupa o posto de protagonista. O mínimo que se pode exigir é alguém que cante e dance bem. Mas a situação só piora, já que ela também não convence atuando. Sua Rusty Parker precisava passar por uma grande transformação do início ao fim da trama, e isso nunca se concretiza de verdade.
A menina que vai fazer despretensiosamente o teste para a garota da capa de uma revista é (ou deveria ser) muito diferente da mulher que se julga mais importante que o pequeno teatro onde começou a carreira a ponto de abandonar tudo e partir o coração do homem amado. Fiquei esperando essa transição o tempo todo, mas Rita Hayworth não chega nem perto disso. Talvez parte da culpa se devam ao roteiro e à direção, amenos demais. Umas falas mais agressivas nao fariam mal nenhum... Seria para não destruir a essência romântica e ingênua do filme? Não duvido. No entanto, se a parte musical não podia melhorar, a dramática, certamente, tinha salvação. Mas eu queria mesmo que alguém me explicasse por que cargas d'água Rusty tinha que ser a cara da avó. Uma dançarina ruim na família não era suficiente?
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