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Metáforas para crianças (e adultos)

Mary Lennox vivia na Índia cercada por ayas e sem receber muita atenção de seus pais. Após a morte deles é mandada para Inglaterra, para viver com seu tio, Lord Craven, na enorme, fria e intimidadora mansão Misselthwaite. Assim como seus pais o tio, amargurado desde morte da esposa, não deseja vê-la. A educação da menina fica a cargo da rígida Sra. Medlock. Negligenciada e entediada a menina decide explorar a propriedade e acaba descobrindo velhas feridas, e boas surpresas que vão mudar a rotina da casa. Desta vez o roteiro é praticamente idêntico em nossa dupla de original e remakes. O que não siginifica que os filmes sejam iguais.

Em preto e branco, o longa de 1949 tem uma narrativa um pouco brusca, tavez por causa dos vários temas que tenta abordar. Adaptação de Mary, o mistéio em relação a morte da Sr. Craven, o jardim, o primo doente, as atitudes mal humoradas do tio. Com muito falatório as informações são jogadas as pressas, sem muito tempo para assimilação.

A metáfora em relação as cores no jardim, hoje parece repetida, mas não devia ser em 1949. Além disso é nela que reside a grande surpresa e o charme do filme. Já a mimada protagonista Mary (Margaret O'Brien, talentosa), custa a nos conquistar, mas a empatia é criada em apenas uma cena. Ao conhecer o tio a câmera coloca o expectador na posição na menina.A sombra o grande e intimidador Lord Craven (Herbert Marshall), percebemos o quão frágil e assustada está a menina, então começamos a torcer por ela.

Marta (Elsa Lanchester) e Dickon (Brian Roper), os amigáveis criados da propriedade, tentam soar engraçados e únicos, mas parecem estar altos. O rechudo Colin (Dean Stockwell), não lembra nem de longe um menino que nunca viu a luz do sol. Enquanto a Sr. Medlock (Gladys Cooper), soa ainda mais assutadora ao caminhar pelos corredores propositalmente escuros do castelo.

O filme carrega os estilo meio exagerado de atuação da época. As crianças são extremamente eloquentes, e embora tenham talento ao interpretar suas gigantescas falas, soam meio falsas. Impossível não imaginar que crianças não falam assim. Não acredito que seja um defeito do filme, mas uma característica da época, e a evidência de que o cinema mudou e muito desde então.


Logo de início o argumento da versão de 1993 é mais verossímil. Mary (Kate Marbely) sobrevivera a um terremoto que vitimara seus pais (na versão anterior, ela fora a única da casa que não contraíra cólera). Ignorada pelos pais, a menina é fria e duramente criticada pelos companheiros de viagem. Nem é preciso a indiferença do tio (John Lynch) para torcermos por ela.

Mais focado na adaptação de Mary  à vida em Liverpool, e as mudanças que ela causa por lá, a narrativa corre mais naturalmente. Também sobra mais tempo para incrementar os mistério, assim vamos descobrindo lentamente os segredos da mansão.

Marta (Laura Crossley) e Dickon (Andrew Knott) aqui ainda parecem meio estranho, mas dessa vez aparentam ter uma sabedoria que seus ricos senhores nunca entenderiam, combinado a pouca idade das personagens os tornam surperendentes e adoráveis. Desta vez Colin (Heydon Prowse) é pálido e magricela, mais compatível com seu "estado de saúde". Enquanto a amargura de Lord Craven, é sentida no seu andar pesado, e na expressão sofrida. Claramente vemos um homem condenado por uma corcunda, que teve um vislumbre de felicidade com a esposa, e não superou perdê-la tão cedo.

Sra. Medlock (Maggie Smith), merece destaque. A personagem, antes apenas mera vilã, aqui é uma mulher que lida com um fardo grande demais para ela. Ainda sim faz o melhor que pode, mesmo que equivocada. A atuação da sempre ótima Maggie Smith (a Prof. McGonagal, de Harry Potter), confere nobreza a personagem, que deixamos de odiar para compreender.

Em cores, a produção de arte teria de se superar para criar a "mágica do jardim", sem a saída fácil de apenas adicionar cores a ele. O resultado foi espetacular, dos figurinos aos grandiosos cenários do frio e castelo em contraste com o lindo jardim plantado especialmente para o filme.

Em cores ou em tons de cinza, O Jardim Secreto, é uma metáfora para a maneira de encarar a vida. Superar os problemas, buscar um objetivo na vida, crescer. Seja no romance ou na tela grande vários níveis de compreensão e identificação estão lá. Ouso dizer que a cada fase da vida, podemos aprender uma nova lição com a história. E isso já e muito para um filme infantil, não?


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