Mark Wahlberg não é Michael Caine. Não que existisse alguma dúvida quando comecei a assistir a Uma saída de mestre, mas, em se tratando de uma sequência, a comparação é inevitável. O Charlie Croker (Wahlberg) de 2003 também é um jovem ambicioso, mas não carrega o charme de sua versão original. Falando em comparações, a refilmagem de Um golpe à italiana tem pouca coisa em comum com o original. Contudo, as referêcias escondidas são no mínimo divertidas.
Logo no início assistimos ao tal golpe italiano do título original, realizado por uma equipe com todos os estereótipos comuns a filmes de assalto, o especialista em computadores, explosivos, abertura de trancas, etc. Mas o cofre magistralmente surrupiado em Veneza é surrupiado novamente quando Steve Frezelli (Edward Norton), trai seus companheiros de equipe, matando o líder, John Bridger (Donald Sutherland), veterano no crime, prestes a se aposentar. E assim, nos dá um motivo razoável para torcermos para os demais ladrões, para que estes cumpram sua vingança, e para que a honesta filha do ladrão assassinado (Charlize Theron) compre a briga.
A história pregressa, não apenas do primeiro assalto seguido de traição, mas também um breve histórico de cada membro da equipe, é provavelmente a mais significativa diferença entre esta sequência e o original. A vida pregressa de cada um deles e o roubo mal sucedido no inicio os redime de tudo o que virão a fazer no resto do longa. Com razões morais e pseudoaltruísticas (vigar a morte de Bridger), fica infinitamente mais fácil criar empatia com as personagens.
O plano perfeito aqui são dois. E, claro, o primeiro detalhadamente explicado falha, apenas para assistirmos ao segundo mais espetacular, e com o fator surpresa. Já que, desta vez, eles estavam com mais pressa e não tiveram tempo para explicar o esquema para nós, "o público".
O resultado é realmente empolgante (não espetacular), com boas cenas de perseguição. Apesar do desfecho previsível e da cena da piegas narração estilo "o que aconteceu com todos", que encerra o longa. Bem inferior ao inusitado final do original. Ao menos o prêmio foi reajustado à inflação, e os ganhos, antes infímos 4 milhões se tornaram 35 milhões. Também em barras de ouro, afinal quando o prêmio é difícil de carregar, os absurdos e exageros cinematográficos ficam mais divertidos.
Entretanto, o melhor do longa mesmo é rever, os minis em versão do século XXI. Os simpáticos carrinhos azul, vermelho e branco continuam a fazer suas peripécias impossíveis, mas desta vez (se você assistiu ao longa de 1963 primeiro), trazem um clima de nostalgia a cada curva. Se busca uma boa razão para ver o filme, não há nada melhor que os Minis!
Dê ré e descubra o plano original em Um golpe à italiana.
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