Toy story é um filme que impressiona. Tecnicamente falando, por se tratar de uma animação de 1995 com tanta qualidade numa plataforma que ainda crescia no mercado e lançou a Pixar como autoridade no assunto e referência para outros estúdios. Artisticamente, por contar tão bem uma história simples de forma criativa e divertida. E emocionalmente, por transportar cada adulto que assiste a esse longa-metragem imediatamente para a infância. Mesmo em 2012.
É impossível não sorrir logo nas primeiras cenas, em que Andy usa toda sua imaginação criando as mais variadas situações com seus brinquedos de estimação. Dinossauros, caubóis, cachorros, cabeças de batata e caixas de papelão convivem perfeitamente no universo fantástico criado pelo menino. E não era assim nas nossas brincadeiras também? O mundo do faz de conta sempre foi mais interessante do que a realidade por suas infinitas possibilidades. E não deixa de ser curioso que a primeira animação totalmente computadorizada resgate o lado mais lúdico dessa fase tão especial da vida.
Aliás, essa ideia do novo tornando o anterior obsoleto é o próprio mote do filme. Woody (voz de Tom Hanks), o boneco preferido de Andy vê seu reinado ameaçado com a chegada de Buzz Lightyear (voz de Tim Allen), um patrulheiro estelar que acredita realmente ser um herói do espaço. Animado com a novidade, o menino deixa os outros brinquedos um pouco de lado, o que causa um ciúme desmedido no caubói. Não demora muito para que ele perca seu lugar cativo na cama do dono e seus desenhos pendurados na parede sejam substituídos por enormes pôsteres do rival. É o fim de uma era.
Como se não bastasse a disputa interna, os dois ainda precisam enfrentar Sid (voz de Erik von Detten), o menino que mora na casa ao lado e cujo divertimento preferido é destruir brinquedos. Aliás, os momentos que Buzz e Woody passam na casa de Sid são divertidíssimos. O quarto do garoto parece um circo de horrores, cheios de brinquedos deformados, sem cabeça, pernas quebradas e pedaços de outros objetos fazendo as vezes de membros, como Frankensteins em miniatura. O pavor do xerife só aumenta quando ele deduz que as criaturas são canibais. Ao mesmo tempo, Buzz tem o maior choque de sua vida ao descobrir que foi fabricado em Taiwan e que não pode voar.
Como se vê, o enredo não poderia ser mais simples, mas é bem amarrado e brinca muito com as situações que vão sendo criadas ao longo do caminho. Um exemplo são as criaturinhas verdes que habitam um dos jogos do Pizza Planet e que adoram "o Garra". Mas são mesmo os personagens adoráveis e esse gostinho de infância que tornam Toy story um filme especial. Porque pioneirismo nenhum no mundo nos faz querer voltar a assistir ao filme tantas vezes. Tem que ter algo mais. Criatividade, sensibilidade e inteligência contam tanto quanto competência nesse caso.
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