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Adolescentes em crise

O rebelde, a estranha, o atleta, a popular e o nerd.
O que tem em comum? A adolescência.
Sabadão e o que qualquer adolescente quer? Tudo, menos ter que ir para o colégio. E por não terem sido bonzinhos, esse é o castigo que estes cinco jovens vão ter que encarar: passar 9h no colégio, juntos, sem conversar, escrevendo uma redação sobre quem são, pensando no que fizeram e no que querem ser no futuro, sob a supervisão do diretor da escola. E como todo adolescente normal... é óbvio que eles não fizeram isso. Clube dos cinco (The breakfast club, 1985) conta essa história, dos cinco jovens tão diferentes quanto poderiam ser os nichos da escola, de um sábado de castigo e revelações, de uma vida que está só começando - e como isso assusta a gente tão nova.

Primeiro, listo os 'perturbadores da paz': John Bender (Judd Nelson, roubando a cena), o rebelde; Brian Johnson (Anthony Michael Hall) o eterno nerd; Andrew Clark (Emilio Estevez, a cara do irmão - mas com lindos olhos azuis), o esportista - que ninguém sabia o que estava fazendo ali; Claire Standish (Molly Ringwald, musa de Hugues), a rainha do baile, a mais popular - e ninguém sabia também o que estava fazendo ali; e Allison Reynolds (Ally Sheedy, muito bem na construção da perturbada personagem), aquela estranha figura calada na maior parte do tempo - mas que quando abre a boca, causa um rebuliço. O pobre diretor 'escalado' para cuidar do grupo foi o diretor Richard Vernon (Paul Gleeson, tenso na medida certa). Apresentados os participantes, vamos aos fatos.

Bender: símbolo da inquietação adolescente
Tudo ia bem nos primeiros 3 minutos de detenção. A partir daí, Bender resolve que não ia ficar ali aceitando tudo como um cordeirinho. E começa a aloprar. Sacanear o diretor, atiçar o atleta, cobiçar a bonitona, irritar o nerd... É ele quem começa o 'incêndio'. Os outros, por mais chato que fosse ter que ficar tanto tempo ali, sem nada interessante pra fazer, poderiam obedecer às ordens. Mas o rebelde não ia aceitar isso facilmente, e basta uma fagulha para que o fogo se alastre. As conversas instigantes, as rebeldias de fugir do castigo e andar pelos corredores, até fumar maconha à plenas vistas do diretor (imagina se isso seria possível hoje, em tempos de 'tudo politicamente correto' para os jovens...). Tudo ideia dele, e os outros acompanharam. 

Imagina se você ia ver uma cena dessas num filme para adolescentes atual?
As angústias de não serem compreendidos pelos pais, a pressão dos amigos para seguir um padrão, a responsabilidade de manter a reputação (seja ela boa ou ruim), ter ou não amigos de verdade, auto-estima lá em cima ou lá embaixo, sexo, drogas, rock 'n roll. Tudo isso foi retratado no filme, em longas sequencias de diálogos entre os jovens, em que eles abrem o coração. E também naqueles momentos em que os jovens se permitem fugir às regras, passar dos limites - dentro dos limites maiores, claro. O filme é uma ode à adolescência, ao 'faça agora o que vai ser ridículo e/ou perigoso a se fazer quando você for adulto', um jeito de dizer a todos que os jovens, independentes do grupo em que são encaixados, tem tantos medos e anseios e certezas sobre si próprios quanto qualquer adulto. Talvez a sociedade cobre menos deles por eles ainda serem jovens e não terem abraçado as suas carreiras, por ainda poderem escolher possibilidades. Mas a vida não é um mar de rosas, principalmente na adolescência. Então fica o recado para os jovens:embora todo o mundo pareça conspirar contra você, todos os outros jovens do mundo também se sentem assim, a seu modo. Portanto, permita-se. Permita-se transgredir regras, ousar no visual, ir contra o que seus pais querem. Permita-se enquanto há tempo. 

A popular e a estranha: tão diferentes, tão parecidas.
John Hugues soa saudosista hoje, quando temos jovens tão antenados e conectados, desde que foram alfabetizados. Uma saudade de um tempo em que a adolescência era um tanto mais inocente, tão ansiosa quanto a de hoje, porém mais recatada e, contraditoriamente, mais ousada - pois ousava quebrar com as regras e instituições sociais. Antes, os adolescentes tinham medo do futuro e queriam permanecer jovens por mais tempo, tanto quanto fosse possível. Hoje os adolescentes querem ser adultos antes da hora, e saem imaturos da infância para uma 'adultecência' imatura. Ver os filmes de Hugues fazem a gente pensar no quanto os jovens precisam passar por certas experiências, vergonhosas ou não, que são necessárias para a sensação de dever cumprido quando se tornarem adultos. Eles não estavam preocupados em ser alguém no futuro. Eles eram o que eram, e sobreviveriam à tudo. Quer espírito mais legal que esse para se carregar pro resto da vida?

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