Final novelesco

X-men - O confronto final (X-men - The last stand, 2006) não fugiu ao clima novelesco dos dois primeiros filmes da trilogia. Ok, a gente entende que tem muito mutante com história boa pra contar, e que alguns tem que ficar de fora para poder fluir o roteiro. Mas acho que nesse filme em específico fica mais evidente o clima de "corre, tem que dar conta da história toda!" na hora de amarrar o roteiro. Uma pena, pois conta a história de uma das mais fantásticas e fascinantes mutantes do mundo, a Fênix Negra. Então, vamos aos fatos.

Anjo (Foster): apesar do início de tirar o fôlego, não fez muito mais do que isso aí
O filme começa em uma ida ao passado, volta para um pouco antes do momento presente e depois corre para o futuro próximo - situando bem o espectador no momento em que ele está. Não é um lembrete do que aconteceu nos dois primeiros filmes, é para a gente conhecer uma faceta um tanto sombria da jovem Jean Grey (Famke Janssen na versão adulta), que mais tarde veio a ser uma poderosa X-men. Já dava para perceber que a jovem causava medo em Xavier (Patrick Stewart), mesmo sem ter noção de todo o seu poder - e ela sabia muito bem que não era fraca. Acompanhamos também um pai, o doutor Warren Worthington (Michael Murphy), que descobre que seu filho, Warren II (Ben Foster, quando adulto), é um mutante. Dói na alma ver o sofrimento do garotinho se mutilando enquanto tentava desesperadamente ser normal. Mas o começo promissor não cumpre a promessa.

A trama se desenvolve através da cura mutante, um soro desenvolvido por Worthington a partir de um mutante, o jovem chamado de Sanguessuga (Cameron Bright, que também foi um "sanguessuga" em Crepúsculo). A habilidade mutante dele é anular os poderes dos outros mutantes, inclusive as transformações físicas mais gritantes - como comprovou o doutor Hank Mccoy (Kelsey Grammer), também conhecido como Fera. Magneto (Sir Ian McKellen) viu nessa "cura" uma clara ameaça humana - para ele, era evidente o genocídio mutante que a descoberta causaria. Para se antecipar, ele resolve atacar. Era preciso que os mutantes se revoltassem, e era necessário que o jovem mutante que gerou o soro morresse. Os planos já estavam em andamento quando algo que ninguém planejava aconteceu: Jean Grey voltou à vida.

Todos acreditavam que Jean estivesse morta, sufocada por toneladas de litros d'água após o último confronto dos X-Men às margens de uma represa. Todos sentiram falta dela, especialmente Scott Summers (James Marsden), que não havia se recuperado do trauma de perder a namorada daquela forma - mesmo sabendo que ela o fizera para salvar as vidas dos outros, inclusive a dele. Mas, inexplicavelmente, ela entrou em contato telepático com ele, e ele não resiste ao chamado. Vai encontrar a amada no local onde ela morreu, e acaba encontrando a própria morte nos braços da mulher que ama. Quando Wolverine (Hugh Jackman) e Tempestade (Hale Berry) vão tentar resgatar Ciclope, acabam por encontrar apenas seus óculos e uma Jean desmaiada. Já na mansão, Xavier percebe que há algo anormal nela. Jean não é mais a mesma, e seu maior medo talvez tenha se tornado realidade. 

Cenas grandiosas, mas com pouca emoção
Sabendo da volta de Jean Grey e percebendo o potencial destrutivo da moça - e a importância dela para a sua causa, Magneto vai atrás da moça para recrutá-la para sua Irmandade, ao mesmo tempo em que Xavier vai tentar um último esforço para impedir que ela saia do controle. E as coisas não saem muito bem... Possessa, tomada por um ódio indescritível - principalmente porque ela sabe que Xavier bloqueou muito de seu poder quando era apenas uma criança, Jean deixa transparecer um pouco de todo o seu imenso poder: desintegra Xavier. Magneto consegue atraí-la para sua causa, e então parte para a execução da segunda parte de seu plano. Precisa eliminar o garoto que detém o gene usado na produção do soro. Os X-Men são a última defesa do garoto, já que todos os esforços dos humanos para defendê-lo são inúteis: com a ajuda de Pyro (Aaron Stanford) e Fanático (Vinnie Jones, ainda não entendo essa tradução para Juggernaut), a base onde o garoto está é destruída por Magneto e os outros mutantes da Irmandade. O mundo estaria a salvo se não fosse Jean Grey.

Magneto é atingido por dardos com o soro, então ele provoca Jean: "É isso o que eles querem para todos nós!". Foi o suficiente para ela perder o controle. Seu alter ego, a Fênix Negra, começa a destruir tudo a seu redor: aço, pedra, humanos, mutantes. Wolverine é o único capaz de se regenerar com a rapidez necessária, então é ele quem vai realizar o embate final. Em desespero, ele mata Jean com suas garras, para que ela não matasse mais ninguém. Um final dramático, porém necessário. Depois, as atividades no Instituto Xavier volta ao normal e ainda temos uma piscadela sobre o que realmente acontece com os mutantes "curados": Magneto consegue mover minimamente uma peça de xadrez de metal com seu poder, o que promete muito. Tá. Beleza. Até que eles deram conta do recado, o roteiro linear foi cumprido à risca. Mas faltou mojo

Fênix Negra (Janssen) e Wolverine (Jackman): o duelo final
Toda a trilogia gira em torno de Wolverine e Jean Grey, deixando todos os outros como figurantes de luxo. Muita coisa desagradou, principalmente o tom novelesco das cenas - o discurso de Magneto, o drama pessoal e o dilema ético de mutantes que ficam na dúvida sobre querer ser curados ou não é subaproveitado, as frases de efeito em momentos inoportunos (sabe aquela paradinha básica para um "hasta la vista, baby"? Então, tem aos montes - e nenhuma delas funcionou), efeitos especiais demais (pra quê aquela cena em que Magneto arranca a ponte do lugar só pra chegar na ilha?), batalhas de mutantes sem impacto - tirando a sequencia em que Kitty (Ellen Page, uma fofa) é perseguida pelo Fanático. A Tempestade tava até melhor nesse filme, mas ainda tava muito fraquinha. A inexpressividade da Famke Janssen também irrita. e quando chega no fim do filme, você se pergunta: e o Anjo? Ele foi colocado ali no princípio como uma razão para a existência do soro; e na verdade ele não aparece pra mais nada além de abrir as asas em uma cena e resgatar o pai de uma queda fatal em outra. O filme era pra ser o desfecho brilhante de uma trilogia e, quem sabe, deixar o gostinho de quero mais. Mas quando ele termina, o que a gente queria era que houvesse logo um reboot para contar com calma a história dos Filhos do Átomo.

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