Já não é novidade pra ninguém que Hollywood está adorando pegar série de livros de aventura para jovens e crianças e transformá-los em franquias caça-níquel. Adaptações de livros para as telonas não é uma atividade recente, mas depois dos fenômenos Harry Potter e Crepúsculo (este, de qualidade questionável) as adaptações viraram quase sinônimo de grandes bilheterias. Mas o público apaixonado por estas histórias está ficando cada vez mais exigente com a qualidade dos produtos adaptados. Dá para entender: nos livros, a imaginação corre solta e ver as cenas de ação transportadas para a tela pode ser frustrante se não forem bem feitas. Este, definitivamente, não é o caso nesse filme.
Maze runner - Correr ou morrer (The maze runner, 2014) começa com um jovem sendo levado por um elevador de um andar muito abaixo do chão para o alto, com alguns galões e pacotes de suprimentos. Chegando ao topo, ele é recebido por um grupo de rapazes, de diversas raças e idades. O jovem não consegue se lembrar nem do próprio nome, mas Alby (Aml Ameen), que parece ser o chefe do lugar, o garante que está tudo bem e que, em breve, ele irá recordar seu nome. A chegada à Clareira, que é como o lugar é chamado pelos rapazes, não é tranquila. Aos poucos ele descobre que lugar é aquele e quem são os garotos que vivem ali. Gally (Will Pouter, o Eustáquio de "As Crônicas de Nárnia") é um dos mais fortes do local, completamente fiel a Alby e uma espécie de xerife do lugar; Chuck (Blake Cooper) é o menino gordinho, o mascotinho da turma, sempre disposto a ajudar; Newt (Thomas Sangster, o Jojen Reed de "Game of Thrones") é o segundo em comando e parece bem pacato. Thomas parece se dar bem com a maioria, apesar de sua curiosidade sobre o labirinto despertar a desconfiança de Gally e Alby - tudo dá certo porque todos são obedientes, mas Thomas é diferente dos outros.
Cercada por muros de concreto altíssimos, a Clareira é um descampado que foi transformado em vila pelos que vivem ali. Eles construíram os próprios abrigos e separaram as áreas para cultivo de alimentos. O grupo se dividia em vários subgrupos, dependendo das habilidades que os rapazes demonstravam - apenas os melhores eram selecionados para ser Corredores. Esses tinham a função mais perigosa de todas: todo dia eles se arriscavam no labirinto, saindo pela única abertura que existia, com o intuito de mapear o local e tentar encontrar uma saída. Eles tinham que se virar para voltar antes do anoitecer, quando a abertura se fechava. Caso não conseguissem voltar para a Clareira em tempo, teriam que enfrentar os verdugos (uma espécie de bicho-máquina, que parece uma aranha com um ferrão escorpiano e lembram o alien "oitavo passageiro") que eram liberados no labirinto à noite - e ninguém sobrevivia a um ataque deles. Obviamente, Thomas deseja se tornar um corredor, já que quer desesperadamente sair daquele lugar. As coisas começaram a mudar quando Ben (Chris Sheffield), um dos corredores, é atingido por um verdugo em plena luz do dia e acaba infectado. Quando doentes, a tendência era que se tornassem violentos e a única defesa que eles tinham era isolar o infectado, até que este fosse banido para o labirinto. É um momento difícil para todos, mas é necessário.
No dia seguinte, Alby e Minho (Ki Hong Lee), parceiro de Ben, voltam para o labirinto afim de encontrar rastros do colega. Alby é atingido por um verdugo e Minho tenta desesperadamente salvar a pele dos dois, mas o tempo está se esgotando - a parede imensa está se fechando e ambos ficariam isolados dentro do labirinto de noite. É quando Thomas viola uma das regras mais importantes e corre para dentro do labirinto, tentando ajudar Alby e Minho. Ele acaba preso lá dentro com os dois, Alby inconsciente e Minho desesperançado. Eles tentavam esconder Alby na hera quando um verdugo aparece. Minho foge e o bicho resolve perseguir Thomas. Sem conhecer o labirinto, o garoto tenta de tudo para fugir do bicho até que consegue atraí-lo para uma armadilha: as paredes do labirinto se fechavam e criavam outras passagens, e ele consegue matar o bicho esmagado ali. Sendo o primeiro a matar um verdugo, Thomas é eleito um corredor e vira parceiro de Minho nas buscas de uma saída. No dia seguinte, quando voltam para a Clareira - sendo os primeiros a terem sobrevivido a uma noite lá fora, as coisas começam a mudar. Do mesmo local onde todos haviam surgido, aparece uma garota. Ela traz um bilhete nas mãos, que diz que ela é a última coisa que será enviada para lá. Ela desperta e reconhece Thomas, o que causa um mal estar entre todos. Assustados, os rapazes precisam tomar decisões importantes. O que fazer com Alby? Se não vão enviar mais suprimentos, quanto tempo eles vão conseguir sobreviver? Por que enviaram Teresa (Kaya Scodelario), e por que ela se lembrava de algumas coisas enquanto todos os outros chegaram lá completamente sem memória?
Com algumas cenas empolgantes de perseguição no labirinto e uma pitada de reflexão "sócio-moral" (bem ao estilo "Jogos Vorazes") no contexto, Maze runner consegue ser um bom filme de ação e um entretenimento de primeira. Ao final do filme fica a sensação de que ainda vem muito mais coisa daqui pra frente, e a gente fica curioso para descobrir o que vem por aí. Diferente de outras histórias seriais adaptadas recentemente, aqui não há espaço pra romancezinho adolescente besta (eu ouvi um amém?). Aliás, a garota que interpreta Teresa consegue ser mais inexpressiva que uma porta - e, sinceramente, espero que ela tenha mais importância no decorrer da sequência no filme. Ah, sim! Este é só o primeiro passo da história, ou seja, vai ter continuação sim e o final fica em aberto, sim. Mas nada que incomode muito, afinal o roteirista soube aproveitar bem as deixas e nuances que devem ter vindo do livro, criando uma adaptação coesa e interessante. Um clima de suspense paira no ar o tempo todo, as cenas de ação são bem bacanas (se o 3D for bem feito, deve ser bem impactante de assistir), o elenco - apesar de bastante jovem - não deixa a desejar (com exceção de Scodelario, que ganhou minha antipatia de graça). No geral, o filme não é uma obra-prima, mas com certeza vale a pipoca.
E esse foi o momento mais dramático dela em cena... |
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