Quase duas décadas mais tarde, e com muito mais bagagem cultural, o episódio de salém não é mais um mistério e a trama não é mais incompreensível. Mesmo assim, a sensação de que não tenho a informação suficiente para compreender totalmente os elementos da história permanece.
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Mas, desta vez, a culpa não é da minha bagagem, ou dos meus professores de história. Muito menos do fato de que não existe total certeza sobre o que realmente ocorreu aos moradores da verdadeira Salém. A falha é do roteiro!
Direto ao ponto o filme logo nos mostra um bando de adolescentes "dançando" na florestas, e sendo descobertas por seu comportamento inapropriado para moças dos século XVII. No dia seguinte, duas das meninas apresentam um comportamento estranho. Era 1662, e o que não podia ser explicado ou compreendido era irremediavelmente obra do demônio. Logo, as meninas estavam encrencadas, mas diante da dificuldade, elas descobrem uma oportunidade, a de se livrar daqueles que incomodam.
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Tudo isso sem sequer um minuto reservado para apresentar as personagens. Você sabe que deve prestar atenção na Winona Ryder, pois seu nome está no poster. Mas a trama já está a todo vapor quando, entre uma intriga e outra, finalmente compreendemos sua Abigail, quem é e o que a move.
Boa sorte à quem tentar lembrar os nomes e funções de todos os aldeões que aparecem em cena. As roupas apropriadas à "bons cristãos", moda da época não vão ajudar na identificação. Isso até Daniel Day-Lewis aparecer. Um dos poucos com visual diferente, o que nem era preciso, já que sua atuação rouba a cena, e seria impossível confundi-lo. Pobres adolescentes que mesmo aos berros não conseguem se impor à figura de John Proctor. A não ser é claro para os crédulos, supersticiosos e sedentos de sangue aldeões do século XVII.
Um roteiro fraco, para uma versão própria do misterioso caso em Salém, segundo a visão do dramatugo Arthur Miller. As Bruxas de Salém é sim uma caça às bruxas, mas no sentido figurativo da expressão. Sendo os acusados, renegados e toda burocracia uma disputa de terras e poder. Até porque, fossem estes moradores feiticeiras de verdade, a punição na forca não seria suficiente. É na fogueira que se destroem bruxas.
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