... a adaptação para as telas de O Guia do Mochileiro das Galáxias, é menos que a criativa obra de Douglas Adams merecia, mas não chega a ser um filme ruim.
Então Artur Dent (Martin Freeman, ótimo), um típico cidadão comum da terra está as voltas com a demolição de sua casa. Quando é resgatado por seu amigo Ford Prefect (Mos Def, divertido), de um problema maior a destruição do planeta Terra.
Mas esta história não é sobre uma dupla de heróis tentando salvar nosso planetinha insignificante. Mesmo porque, a destruição da Terra para a construção de uma hipervia galática é inevitável, e nossos protagonistas são comuns demais para feito tão grandioso. Grandioso para eles, o resto do universo provavelmente nunca ouviu falar de nosso planetinha, muito menos de sua destruição.
Ao invés disso, Ford e um chateado Artur pegam carona pela galáxia, sempre assegurado pela infalível toalha e pelo tal O Guia do Mochileiro das Galáxias, um compêndio (com cara de e-book, olha a ficção cientifica prevendo o futuro!) com as melhores dicas para qualquer viajante errante. Antes cedo do que tarde, eles conseguem carona na nave de Zaphod Beeblebox (Sam Rockwell, histérico e hilário). O presidente da Galáxia, está no comando da Coração de Ouro, única nave com um gerador de probabilidade infinita.
E nesse vai e vem, a dupla se descobre em busca da questão fundamental, da vida, do universo e tudo mais. Até porque a resposta já temos: é 42. Também embarcam na jornada a única outra sobrevivente da terra Trillian (Zooey Deschanel e seu cansativo ar blasé), o andróide paranóide depresivo Marv (corpo de Warwic Davis e voz de Alan Rickman) e claro a nave, com suas portas que suspiram, sua voz animada mesmo quando anuncia um desastre iminente e seu divertido gerador de improbabilidade. Quando ligado, este proporciona alguns dos melhore momentos do longa.
Também não podemos esquecer do Guia em si. Seja com a narração de Stephen Fry ou José Wilker (na versão nacional), sempre oferece de forma clara e objetiva informações sobre hábitos, tradições e histórias de todo o universo, geralmente acompanhado de uma bem produzida animação.
Aliais a escolha por animações tradicionais para o Guia, e stop-motion para os efeitos do gerador de improbabilidade infinita, são mais que acertados. A grande falha desta adaptação não reside nas escolhas de produção, efeitos especiais (que surpreendentemente conseguem não tirar o foco da história, mas complementá-la) ou elenco. Mas no roteiro.
"Faca de Luz", já tosta o pão enquanto corta, e vem no modelo Sith. Quando vão começar a vender??? |
Primeiro, porque por mais que se esforcem algumas piadas não funcionam também nas telas. Segundo pelo didatismo que a Disney impõe à produção, aparentemente com medo que público em geral não entenda o humor britânico.
Contudo, mais gravemente nos desvios de roteiro, que alteram o desfecho da trama, e consequentemente criam algumas passagens inexistentes. Leitores não vão reconhecer o clímax do livro nas telas, e "não iniciados" mereciam um final melhor.
O roteiro também ameniza algumas das "percepções" de Adams sobre a natureza humana, nossa hipocrisia e habilidade para sermos idiotas, e críticas à religiões. Enfraquecendo todo o conteúdo filosófico da trama. É claro, estas últimas decisões tomadas como tentativa de tornar todo o conteúdo mais aceitável e palatável para as massas, e consequentemente aumentar seu público. O que nos cinemas não funcionou.
Entretanto como mencionei no título deste post em letras garrafais, não é preciso entrar em pânico. O Guia do Mochileiro das Galáxias ainda é uma aventura divertida, bem produzida e que traz a semente do humor britânico característico de Adams que agrada leitores desde 1970. Para quem acho a produção divertida e inteligente, é um ótimo ponto de partida para conhecer os livros e descobrir como ficção científica empolgante somada à sátira social e política, pode ser tanto incrivelmente divertido, quanto um bom formador de opinião.
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