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Malasartes e o duelo com a Morte


Apesar de ser um personagem do folclore ibero-americano, Pedro Malasartes não é um dos mais populares em terras tupiniquins - embora personifique com perfeição o nosso famoso (e discutível) "jeitinho brasileiro". Talvez os mais velhos se lembrem das estórias do malandro se buscarem na memória as aparições dele em estórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo ou pelo filme de Mazzaropi, mas com certeza ele é bem desconhecido pelas gerações mais novas. Eis que esse problema está perto de ser resolvido! Malasartes e o duelo com a Morte (2017) é uma ótima pedida para aquele cinema em família, e vai arrancar boas gargalhadas do público.

Julio Andrade é a Morte: a imortalidade pode não ser tão bacana assim...
Reza a lenda que a vida era cuidada por três bruxas, chamadas Parcas: a Fiandeira (Julia Ianina), que criava o fio da vida; a Tecedeira (Luciana Paes), que tecia as tramas; e a Cortadeira (Vera Holtz), que era responsável por cortar o fio quando a hora da pessoa tivesse chegado. Porém, um dia, um homem rouba a Vela da Vida Eterna e se torna a Morte - e ele teria a vida de todos em suas mãos, o que fazia dele o homem mais poderoso. Acontece que a vida imortal pode ser extremamente enfadonha, então a Morte (Júlio Andrade), depois de algum tempo ceifando vidas, decidiu tirar umas férias. Para isso, ele precisaria de um substituto - e este precisaria ser um homem especial, muito esperto. Depois de muito procurar, ele encontrou o homem certo.

Pedro Malasartes (Jesuíta Barbosa, impecável) é o típico cara folgado: enrola todo mundo que conhece só para fugir do trabalho. É assim que conhece o pobre Zé Candinho (Augusto Madeira, impagável), que acaba sendo enganado por ele - e que vai ser uma peça importante mais pra frente na estória. Até a pobre Áurea (Ísis Valverde), a ciumenta namorada do moço, sofre com as artimanhas dele - e é justamente por conhecer a fama do rapaz que Próspero (Milhem Cortaz) não quer nem saber de deixar Malasartes perto de sua irmã, Tudo o que ele quer é fazê-lo pagar pela dívida herdada de seu pai, por isso o põe para trabalhar na roça, e depois que ele suma da vida de Áurea. Mas os dois são muito apaixonados, e não vai ser a valentia de Próspero que vai atrapalhar a vida do fanfarrão.

Jesuíta Barbosa está impagável como Pedro Malasartes
Aquele dia, porém, era seu aniversário de 21 anos e Malasartes esperava uma visita muito esperada - seu padrinho, que ele nunca vira antes, viria finalmente conhecê-lo e lhe dar um presente. Ele nem desconfiava que a Morte viria lhe encontrar naquele dia (como ele havia planejado por séculos), nem fazia ideia de qual seria o seu "presente"! Será que Malasartes vai conseguir se safar dessa?

Usando de muito bom humor, o longa conta uma fábula sobre esperteza e amor verdadeiro, brincando com o sobrenatural e as pequenas fanfarronices de todo dia. Malasartes é - por falta de uma expressão melhor - uma peste, mas é tão cativante que é difícil odiar o personagem. Jesuíta Barbosa dá um tempero todo especial ao personagem, que fica ainda mais carismático. A participação especial de Leandro Hassum como Esculápio, um atrapalhadíssimo assistente da Morte, é acertada: pontual e certeira, é - junto com Zé Candinho, brilhantemente defendido por Augusto Madeira - um dos personagens que mais chama a atenção entre os coadjuvantes.

Esculápio (Hassum) e a Parca Cortadeira (Holtz): mais problemas para Malasartes!

A produção, cheia de efeitos especiais maravilhosos, é de encher os olhos. Especialmente na parte do Submundo, com as teias das Parcas e velas de almas, o visual é lindo - algo que eu nunca tinha visto em uma produção nacional. É um passo adiante para que haja mais produções de fantasia com essa qualidade de efeitos, o que me deixou bastante empolgada. Espero que mais filmes nacionais invistam nesse tipo de narrativa, já que nosso folclore e costumes tem tantas coisas maravilhosas que - agora - eu já consigo visualizar no horizonte. 

A produção como um todo também é muito caprichada, e o diretor Paulo Morelli chegou perto do timing perfeito de comédia (não adianta, eu sempre vou comparar comédias nacionais com a espetacular versão de O Auto da Compadecida de Guel Arraes), nos presenteando com um filme delicioso e divertido. O tom ligeiramente lúdico deve agradar à família inteira, especialmente às crianças. Malasartes e o duelo com a Morte, porém, não se restringe a um único público e merece a atenção dos que procuram entretenimento de qualidade. Diversão garantida!

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