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Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal


Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal (Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile, 2019) conta a história do assassino americano que dividiu a opinião pública nos anos 1970: carismático e boa pinta, irredutivelmente alegando inocência e participando ativamente da própria defesa durante o julgamento, Bundy mantinha a aparência de um homem normal - e até injustiçado - apesar da brutalidade dos crimes que cometeu. No longa, Bundy é interpretado por Zac Efron, que encabeça um elenco repleto de rostos conhecidos.

Liz (Collins) e Ted (Effron): encontro casual, vida quase normal - mas ele é um psicopata
O início do filme começa com ele já prisioneiro, em um encontro controlado com Liz Kendall (Lilly Collins), que descobriremos ter sido sua companheira por muitos anos. Ele parece feliz em revê-la, enquanto ela está visivelmente transtornada. A partir desse quase embate o filme se desmembra, trazendo à tona lembranças de como o casal se conheceu, viveu e a consequente ruptura com as constantes prisões e julgamentos de Bundy. 

Jerry (Osment) é um personagem fictício, mas representa o suporte familiar e dos amigos para quem passa por uma relação abusiva 
Liz já era uma jovem mãe solteira quando o conheceu em um bar. A princípio, tudo parecia ir muito bem, mas quando surgiram nos jornais as primeiras e alarmantes notícias de jovens mulheres que haviam desaparecido ou encontradas mortas depois de serem violentamente agredidas na região, um retrato falado publicado no jornal com características próximas às de Bundy e um avanço de sinal foram suficientes para que a polícia o detivesse pela primeira vez. Inconformado com o que considerava um absurdo, o então estudante de Direito acalmou a companheira dizendo que tudo não passava de um grande erro. Mas novas acusações foram surgindo, de diferentes estados, e mais casos de homicídios brutais eram alegados a ele. Liz, ainda muto apaixonada, vivia em clara negação - sempre apoiando e duvidando que ele fosse capaz de tais atrocidades.

Liz passa por maus bocados: do céu ao inferno é uma longa jornada
Aos poucos a ficha vai caindo para o espectador: Liz está claramente envolvida em uma relação extremamente abusiva psicologicamente com um psicopata, que a faz acreditar em sua inocência e em seu amor incondicional - quando, na verdade, Liz e a família que criaram juntos, eram um álibi para o assassino. Manipulando a mulher e a opinião pública com seu carisma e beleza, Bundy conseguiu transformar a vida de Liz em um inferno mesmo estando atrás das grades. Ligações constantes, juras de amor, veemência quando se proclamava inocente e injustiçado - Liz começava a perder a noção da realidade, e já demonstrava sinais graves de depressão. A presença constante da amiga Joanna (Angela Sarafyan) e, depois, do colega de trabalho Jerry (Joel Haley Osment), a história poderia ter tido outro fim.

Carole Ann (Scodelario): uma amiga apaixonada usada como recurso de defesa
Enquanto isso, Bundy luta para se defender do que acusa ser um erro.  Ele percebe a disposição de uma antiga amiga, Carole Ann Boone (Kaya Scodelario), em ajudar e se vale dessa atração que ela sente por si para usá-la a seu favor. Dispensando advogados, ele parte para um ataque agressivo em sua defesa - transformando o julgamento na Flórida (o primeiro a ser transmitido ao vivo pela TV americana) em um espetáculo para as câmeras. Para confrontá-lo, duas figuras se destacam: o juiz Edward D. Cowart (John Malkovich) e o procurador Larry Simpsom (Jim Parsons). O contraste fica evidente entre as personalidades dos três, sendo Bundy o comunicativo e brilhante, Simpson como o pragmático porém pouco carismático, e Cowart o equilíbrio e a sabedoria. Mesmo confrontado com as maiores e mais contundentes provas contra si, Bundy não se abala e tenta usar de todos os artifícios para escapar da prisão - e da sentença de morte. (Basta uma busca rápida pela internet para descobrir que não deu certo a estratégia dele).

Bundy no tribunal da Flórida: o promotor Simpson (Parsons) é um recurso para contrapor o carisma do assassino
Para um filme de tribunal, onde a maioria dos roteiros opta por vasculhar a investigação e nos mergulhar no horror dos crimes (quando não nos leva também à perseguição do criminoso), o grande diferencial do filme de Joe Berlinger é justamente fugir do ponto de vista comum: nem vilão, nem mocinho, nem vítima. Ok, o roteiro de Michael Wervie foi inspirado na biografia da própria Liz Kendall e não poderia fugir do ponto de vista dela, mas é um ângulo diferente e bastante interessante de se olhar para uma história tão macabra. E mesmo que muitos dos fatos tenham sido modificados para trazer mais dramaticidade, a história funciona como um alerta de que nem sempre conhecemos exatamente quem é a pessoa com quem se escolhe partilhar a vida.

Esse encontro não houve na vida real, mas é parte importante na fase final do filme

E esse é o aspecto mais assustador de tudo: Ted Bundy não parecia com o estereótipo do assassino serial, não era violento com a família que adotou, e chegou a convencer boa parte da opinião pública de sua inocência por um tempo (tinha até uma legião de fãs, mulheres que eram atraídas por seu carisma e beleza). O choque deve ter sido bem grande quando ficou provado que ele era o monstro capaz de matar e violar sexualmente mais de 30 mulheres com requintes de sadismo (dos casos confirmados e confessados por ele, sendo o número pode ser maior que 100). Mas saindo do que é baseado nos fatos, que são obviamente sombrios, é preciso olhar também para o lado artístico da obra.

O carisma  de Bundy é reforçado o tempo todo: sabia se comunicar, mas usava isso para o mal
Assim, Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal é um filme bem aceitável. Não tem grandes destaques positivos, como também tem poucos detalhes negativos. A passagem de tempo no contexto é um pouco confusa; a caracterização de época e personagens é ótima, mas a maquiagem de envelhecimento é sutil demais (o que complica ainda mais a noção de tempo transcorrido); a edição consegue ambientar a década de 1970 e emula bem as filmagens reais de depoimentos e entrevistas - algumas usadas no fim do filme; as atuações em geral estão na média, e John Malkovich é a cereja desse bolo. O filme vale a pipoca, mas (apesar de não ser tão violento) pode ser um pouco pesado para pessoas mais sensíveis.

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