Capitã Marvel (Captain Marvel, 2019) tinha várias tarefas importantes no Universo Cinematográfico da Marvel: se tornar o primeiro filme solo de uma super-heroína da franquia nesses mais que bem-sucedidos 10 anos de saga, não fazer feio frente aos estrondosos sucessos de seus antecessores, levar ao grande público o nome da heroína que certamente a maioria desconhece, não ficar aquém de Mulher Maravilha, da rival DC - que acertou o tom e arrecadou milhões de bilheteria. Devo dizer que o longa de Anna Boden e Ryan Fleck não decepciona, mas só empolgou mesmo mais para o final. Recontando a história da personagem a partir das próprias memórias bagunçadas da jovem soldado kree, o público vai descobrir junto com Vers (Brie Larson) que ela é bem mais do que acredita ser.
Yon-Rogg (Law) treina Vers (Larsson) para bloquear suas emoções: distrações em batalha |
Vers costuma ter pesadelos com um ataque skrull (uma raça alienígena terrorista), mesmo que seu treinamento com seu superior Yon-Rogg (Jude Law) seja focado para o bloqueio das emoções. Em uma das missões, Vers é capturada pelos inimigos skrulls e sua mente é devassada por eles. Eles buscam informações sobre um artefato perdido e a mente bagunçada de Vers é a chave para o problema. Vindo à tona lembranças de uma vida que ela não se recordava de ter vivido, Vers acaba encontrando as respostas ao cair no planeta C-53 (mais conhecido como Terra). Ao chegar aqui em plena década de 1990 e causar um estrago, o agente especial Nick Fury (Samuel L. Jackson) se vê tragado para a ação enquanto a jovem soldado luta para decifrar os enigmas em sua cabeça e terminar sua missão.
Ambientado nos anos 1990, o filme tem bom humor na dose certa e muita ação |
Contar mais do que isso sobre a trama é estragar as surpresas - que nem são muitas, mas são divertidas. Aliás, o bom humor do filme é digno de nota: com piadas certeiras e de bom gosto, são sagazes o suficiente para ser o tempero da ação e não se tornar uma distração (sim, isso foi uma alfinetada no humor quase pastelão de Doutor Estranho e Thor: Ragnarok). Dentre outros bons atributos do filmes, temos a ótima interação entre Brie Larsson e o já lendário Samuel L. Jackson em um equilíbrio perfeito de sagacidade e atitude dos dois personagens. Os efeitos especiais que rejuvenescem Jackson são fantásticos, e você até esquece que o ator já tinha 70 anos (!) ao participar das gravações. Se considerarmos também as ótimas cenas de luta no espaço, certamente o filme deve entrar para as disputas de premiações na categoria do ano que vem.
Dá para acreditar que esse cara da foto tinha 70 anos quando as filmagens aconteceram? |
Mas embora seja um filme correto para a introdução da personagem, particularmente senti falta de me conectar à heroína. A mensagem e o fator badass estão antenados e corretos, mas faltou muito pouco para criar uma verdadeira empatia com Carol Danvers (a identidade secreta da heroína). Diferente do que aconteceu com Gal Gadot e a Diana/Mulher Maravilha, que instantaneamente caiu nas graças do povo, a gente só se empolga de verdade com ela do meio do filme para o fim, quando somos fisgados por completo pela Capitã Marvel. Brie Larsson é melhor atriz que Gadot, mas perde no quesito carisma - e isso conta muito ao trazer à tona um herói pouco conhecido, como vimos em Homem-Formiga e Pantera Negra (até mesmo com o Homem de Ferro, que foi alavancado no gosto do público pela personalidade de Robert Downey Jr.).
O momento em que Danvers descobre - e usa - todo seu potencial: super poderosa é pouco! |
Capitã Marvel é, portanto, um filme muito bacana que contribuirá imensamente para o MCU (sigla em inglês para o universo de heróis da Marvel no cinema): com muita ação, girl power e uma mensagem bem bacana, deve agradar à audiência com seu humor, a nostalgia dos anos 1990 e algumas surpresas. Destaque para a tocante e singela homenagem à Stan Lee, que faleceu ano passado, para o gato Goose e para a cena pós-créditos que faz conexão direta com o próximo lançamento da Marvel, Vingadores: Ultimato.
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